quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Camping do Rio Vermelho - Um Exemplo de Sustentabilidade.

Com texto da bióloga Daniela Zaccarelli, modelo de gestão sustentável do camping do Rio Vermelho (Florianópolis-SC) prova que é possível ser ecologicamente correto e proporcionar um dos campings mais tradicionais do país. Local conhecido e frequentado por diversas famílias campistas de alma esteve fechado durante alguns anos, mas retornou com força total dando bons exemplos de como destinar o lixo e educar a população.

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O Camping Rio Vermelho, localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho em Florianópolis, S.C., tem localização privilegiada, fica na Praia de Moçambique, entre a badalada Lagoa da Conceição e o Norte da Ilha, onde estão as praias do Santinho, .dos Ingleses e Canasvieiras.
O Camping conta com disponibilidade de 600 vagas de barracas e tem estrutura para receber trailers e motor homes.
 
Conta ainda com segurança 24h, disponibilidade de água e luz (220v) para os equipamentos, estacionamento, banheiros com chuveiros quentes, área comum com churrasqueiras e pias, tanques para lavar roupa, serviço de restaurante (cantina) e recreação (salão de jogos, um campo de futebol, uma quadra de vôlei de areia e um playground infantil). O acesso à praia é feito por trilha. Percorre-se cerca de 600m no meio da mata de Pinheiros (Pinus elliottii) e Eucaliptos (Eucalyptus sp.)que faz parte do Parque e chega-se a uma praia encantadora, chamada Moçabique, praticamente frequentada apenas pelo pessoal do camping. (veja mais no guia.)

O Parque Estadual do Rio Vermelho

O camping atualmente é gerido pela FATMA, Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina e está localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho (PAERVE). Com uma área de 1532 hectares, o PAERVE foi criado pelo Decreto nº 308 de 24 de maio de 2007, com o objetivo de conservar amostras de Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), conservar a vegetação de restinga, conservar a fauna associada ao domínio da Mata Atlântica, manter o equilíbrio do complexo hídrico da região, propiciar ações de recuperação dos ecossistemas alterados e proporcionar a realização de pesquisas científicas e a visitação pública. A vegetação encontrada no Parque é composta por 11% de Floresta Ombrófila Densa (“Mata Atlântica), encontrada no Morro dos Macacos, 54% de restinga com diferentes alturas e composição de espécies e por 35% de ecossistemas alterados devido o plantio e a invasão de pinheiros e eucaliptos.

A Mata de Pinheiros e Eucaliptos

Em 1962 a área do parque foi definida como uma Estação Florestal com o objetivo de experimentação e identificação das espécies mais aptas a crescer e proteger a orla marítima do Estado, visando principalmente a fixação e contenção de dunas, mas também disponibilizar uma área verde para a população. Durante 12 anos foram plantadas diversas espécies de pinheiro-americano (Pinus elliottii) e Eucaliptos (Eucalyptus sp.) oriundos de diversas partes do mundo, dentre outras espécies exóticas, como a casuarina e acácias.
Hoje se sabe que as espécies exóticas plantadas no Parque Estadual do Rio Vermelho, com menor ou maior grau, são espécies invasoras, destacando-se os efeitos danosos do pinheiro-americano. Estão sendo realizados estudos no parque que visam levantar informações para a sua restauração ambiental. Ao final destes estudos será feita a venda e a retirada da madeira comercial de Pinus e Eucalyptus, assim como a retirada de todas as espécies exóticas do parque, como prevê o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei n° 9.985/2000).

Consciência Ambiental

A coleta de seletiva de lixo e a compostagem da matéria orgânica é o ponto alto do Camping do Rio Vermelho. Em todos os postes há três tipos de bombonas (lixeiras): a que coleta o material orgânico (restos de alimentos), a que coleta o lixo seco (latas, pets, vidros, embalagens higienizadas, papelão limpo, papel, etc.) e a de rejeitos (fraudas, papel higiênico, guardanapo, papeis sujos de comida ou gordura, etc.).

Na entrada do camping existe uma grande área de compostagem, que recebe todo o lixo orgânico gerado no local. Na composteira a matéria orgânica se transforma em adubo com o passar do tempo e é utilizado em uma grande horta.

Já o lixo seco é destinado para cooperativas da comunidade local, que ganham o seu sustento com a venda principalmente de latas e garrafas pets. O mais impressionante é como o processo de reciclagem funciona bem. Logo que os campistas chegam, ao dar entrada no camping, já recebem as instruções de como separar o lixo. As lixeiras, possuem placas ilustrativas de como deve ser feita a separação. Os funcionários estão o tempo todo andando pela área do camping e se o campista tem alguma dúvida, recebem o auxílio na hora. Na minha opinião dois fatores contribuem para o sucesso da coleta seletiva no Camping Rio Vermelho. A disponibilidade dos funcionários em auxiliar e orientar os campistas no ato da separação do lixo e o fato das pessoas poderem ver a destinação final do lixo separado. Isso é importantíssimo, pois se percebe a importância e seriedade da atividade. As oficinas de compostagem foram importantes para essa consciência. Elas são feitas para os campistas interessados com o intuito de esclarecer e informar sobre a destinação do lixo orgânico. As pessoas visitam as composteiras, recebem todas as informações sobre o processo em si e podem ver o adubo ser aplicado na horta local. Todo fim de tarde, o pessoal da comunidade responsável pela coleta do lixo seco aparece no camping para fazer a retirada do material.

Espero que o Camping do Rio Vermelho sirva de exemplo para os demais. Acampar é acima de tudo conviver com a natureza e nada melhor que neste convívio, praticar atividades que beneficiem o meio ambiente e o ser humano.




por Daniela Zaccarelli - bióloga e responsável pela área de Meio Ambiente da Ecótonus Meio Ambiente e Arquitetura.

Fonte: http://portal.macamp.com.br/noticia.php?varId=1308

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