segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Tatiana de Carvalho: a despedida do arco-íris, uma nova estrela no céu

Tatiana de Carvalho, coordenadora da campanha da Amazônia do Greenpeace, faleceu neste domingo (07), após uma queda na cachoeira Poço Azul, nos arredores de Brasília. Tinha apenas 36 anos de vida. Seu corpo será velado em São Paulo. A seguir, texto da jornalista Karina Miotto, que a conheceu, presta uma homenagem a Tatiana. Tatiana de Carvalho era uma moça linda, cheia de energia, alegria e entusiasmo. Quando trabalhei no Greenpeace, em Manaus, lembro bem de suas excelentes pontuações nos debates do time. Recordo-me também do encontro no navio Arctic Sunrise, durante o Fórum Social Mundial que aconteceu em 2009, em Belém. Ela sempre a postos, em movimento, atendendo todo mundo. O trabalho em prol da conservação da Amazônia e da dignidade de seu povo marcaram sua história pessoal e profissional. Começou a carreira no Greenpeace em 2002, como coordenadora da campanha de transgênicos. Na organização, também chegou a liderar a campanha da soja e a apoiar as de clima/energia e pecuária. Entre 2010 e 2011, foi analista sênior de conservação do WWF Brasil. Corajosa, idealista, ao longo dos anos realizou muitas viagens pela Amazônia para conhecê-la melhor e, assim, defendê-la. De volta ao Greenpeace, seu conhecimento da região a levou a assumir a liderança da campanha pela Amazônia. O coordenador de campanha é o representante do Greenpeace naquela determinada ação. Iglu, como era chamada pelos colegas "ezalquianos" (formados pela EZALQ - USP), encarou os desafios que surjirão no caminho das causas que abraçou e não mediu palavras nem esforços para expor as irregularidades que encontrou. Ela nos deixa para voar seu voo sem fim. Sua alegria contagiante, seu exemplo de viver intensamente e lutar pelo bem deste planeta ecoarão para sempre no coração de quem fica. Segue na luz, Tati. Do arco-íris que você agora habita, continue a nos inspirar com seus passos. Trechos de textos de Tatiana Carvalho Carvoarias “O ferro gusa está deixando um rastro de destruição e violência na Amazônia. Desmatamento ilegal, trabalho análogo à escravidão e invasão de territórios indígenas estão na ponta da cadeia desta matéria-prima” Novo Código Florestal "O projeto de lei como está escrito vai levar ao aumento do desmatamento, conceder anistia para quem desmatou ilegalmente e ainda abrir brechas para novas concessões" Terra Indígena Marãiwatsédé “O que está acontecendo na Terra Indígena Marãiwatsédé não é exceção, é regra na Amazônia. Os Xavantes hoje vivem encurralados em uma área rodeada por devastação, o que tem um impacto direto no seu modo de vida. Os índios precisam da floresta para sobreviver” Paralisação do porto da Cargill “A paralisação das atividades do porto da Cargill coroa a luta de muitos anos das comunidades locais de Santarém e daqueles que combatem a expansão da soja na Amazônia. A soja e outros produtos do agronegócio são vetores fundamentais do desmatamento, que ameaça a biodiversidade e provoca mudanças climáticas” MP 558 "Estamos vendo um retrocesso na política ambiental no Brasil, passando pelo Código Florestal. Vimos também a redução do poder de fiscalização do Ibama e agora a redução de UCs sendo que ainda não foi criada nenhuma Unidade de Conservação nova neste governo. Vemos com grande preocupação os próximos anos. A perspectiva para o futuro é muito ruim. Neste contexto é ainda mais necessário que a sociedade civil esteja informada e mobilizada para dar um custo político a estas decisões"
Fonte: Tatiana Miotto - http://www.oeco.com.br/salada-verde/26532-tatiana-e-a-despedida-do-arco-iris

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