segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Vale, documentário de João Moreira Salles e Marcos Sá Corrêa.
"O Vale" é um retrato atual da situação de penúria na qual vivem fazendeiros e sitiantes do Vale do Paraíba, entre o Rio de Janeiro e São Paulo. A região foi no passado a força motriz da economia brasileira, graças à produção de café.
O filme reúne relatos históricos de políticos e barões do café do século XIX, os quais já previam o colapso ambiental da região por conta do desmatamento e das queimadas na Mata Atlântica.
Vídeo: http://youtu.be/g5m7F-kwR9g
Documentário revela através da história de riqueza e decadência do Vale do Paraíba, a exaustão e exploração das terras da Mata Atlântica.
Filme com duração de 56 minutos produzido para a série 6 Histórias Brasileiras, originalmente exibida no Canal GNT em Agosto de 2000.
Exibição no Canal O Eco cedida exclusivamente pela VídeoFilmes em homenagem ao aniversário de 66 anos de Marcos Sá Corrêa.
Roberto Lamego
Fonte: http://www.oeco.com.br/multimidia/videos/26780-o-vale-documentario-de-joao-moreira-salles-e-marcos-sa-correa
domingo, 23 de dezembro de 2012
EXPOSIÇÃO: RIO, MAR DE GOLFINHOS - 20 anos do do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores "Izabel Gurgel" da Faculdade de Oceanografia-UERJ
Orcas na frente do Pão de Açúcar? Botos saltando ao lado da Ponte Rio Niterói? Baleias na frente da praia do Leblon? Acreditem, isso e muito mais vocês poderão ver de 20 de dezembro até 17 de março na Exposição: Rio, Mar de Golfinhos. Trata-se de uma parceria da UERJ, Secretaria de Estado do Ambiente e INEA. Celebraremos com a mostra os 20 anos do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores "Izabel Gurgel" da Faculdade de Oceanografia-UERJ. Vocês encontrarão mais de 25 fotos ampliadas de botos, golfinhos e baleias; reproduções de golfinhos em tamanho natural; réplicas em miniatura das principais espécies de baleias que frequentam o Estado do Rio de Janeiro; entre outros. Esperamos vocês por lá!
Para quem quiser visitar:
Período: 20 de dezembro até 17 de março de 2013;
Horário: das 9 às 17h;
Local: Espaço Encontro das Águas da SEA/INEA, na Lagoa Rodrigo de Freitas, ao lado do Parque dos Patins. Próximo a Colônia de Pesca da Lagoa, Rio de Janeiro, RJ.
Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=397329633683205&set=a.242156502533853.58008.100002185148509&type=1&theater
Raridade! Rare Whale Identified As Last Living Relative Of An Ancient Group
The pygmy right whale, a mysterious and elusive creature that rarely comes to shore, is the last living relative of an ancient group of whales long believed to be extinct, a new study suggests.
The pygmy whale, a mysterious cetacean that looks radically different from all living whales, is actually the last living member of a group thought to have gone extinct 2 million years ago.
The findings, published today (Dec. 18) in the Proceedings of the Royal Society B, may help to explain why the enigmatic marine mammals look so different from any other living whale.
"The living pygmy right whale is, if you like, a remnant, almost like a living fossil," said Felix Marx, a paleontologist at the University of Otago in New Zealand. "It's the last survivor of quite an ancient lineage that until now no one thought was around."
Living fossil
The relatively diminutive pygmy right whale, which grows to just 21 feet (6.5 meters) long, lives out in the open ocean. The elusive marine mammals inhabit the Southern Hemisphere and have only been spotted at sea a few dozen times. As a result, scientists know almost nothing about the species' habits or social structure.
The strange creature's arched, frownlike snout makes it look oddly different from other living whales. DNA analysis suggested pygmy right whales diverged from modern baleen whales such as the blue whale and the humpback whalebetween 17 million and 25 million years ago. However, the pygmy whales' snouts suggested they were more closely related to the family of whales that includes the bowhead whale. Yet there were no studies of fossils showing how the pygmy whale had evolved, Marx said. [In Photos: Tracking Humpback Whales]
To understand how the pygmy whale fit into the lineage of whales, Marx and his colleagues carefully analyzed the skull bones and other fossil fragments from pygmy right whales and several other ancient cetaceans.
The pygmy whale's skull most closely resembled that of an ancient family of whales called cetotheres that were thought to have gone extinct around 2 million years ago, the researchers found. Cetotheres emerged about 15 million years ago and once occupied oceans across the globe.
The findings help explain how pygmy whales evolved and may also help shed light on how these ancient "lost" whales lived. The new information is also a first step in reconstructing the ancient lineage all the way back to the point when all members of this group first diverged, he said.
Read more: http://www.businessinsider.com/whale-thought-extinct-for-2-million-years-is-found-2012-12#ixzz2Fsi8NHJk
Fonte: http://www.businessinsider.com/whale-thought-extinct-for-2-million-years-is-found-2012-12
sábado, 22 de dezembro de 2012
Recesso
Caros leitores e seguidores,
Esse blog ficará em recesso até 11 de janeiro de 2013. Boas férias a todos e em 2013 voltaremos com muitas notícias ambientais fresquinhas!
Equipe Ecótonus
O incrível “Rally Internacional de Observação de Aves”
Sandro Von Matter*
Aconteceu no Peru este mês o “Birding Rally Challenge”, evento que segundo os organizadores foi a primeira competição internacional de observação de aves “ininterrupta”. Equipes de observadores de vários países competiram dia e noite, para levar para casa o título de campeão.
A ideia do rali foi inicialmente proposta pelo presidente da ONG Inka Terra Asociación (ITA) Joe Koechlin e recebeu o apoio de diversas entidades, empresas e do governo Peruano.
O campus da Universidad Científica del Sur na cidade de Lima foi o palco da cerimônia oficial de abertura do evento no dia 28 de novembro com a recepção das equipes participantes, discurso dos organizadores e uma conferência de imprensa que contou com a presença do Ministro Peruano do Comércio Exterior e Turismo, José Luis Silva Martinot.
A competição passou por paisagens paradisíacas como a Floresta Amazônica e os Andes Peruanos, indo diretamente dos 100 para os 4700m de altitude, ao longo de apenas 6 dias e 5 noites. Os observadores de aves visitaram as cidades de Tambopata, Puerto Maldonado, Ollantaytambo e Aguas Calientes, cruzando os Andes, percorrendo a rodovia interoceânica sul até finalmente chegarem as florestas nebulares que cercam a mitológica cidade Inca de Machu Picchu.
Segundo Fernando Ângulo, presidente da União Ornitológica do Peru (UNOP - Unión Ornitológica Del Peru), que atuou como juiz durante a competição, algumas das espécies mais almejadas pelos observadores foram o Anambé-de-cara-preta (Conioptilon mcilhennyi) e a Corruíra-inca (Pheugopedius eisenmanni).
O Anambé-de-cara-preta é uma ave com distribuição restrita ao sudoeste amazônico,& ocorrendo na Bolívia, no extremo oeste do Brasil (Acre) e no sudeste do Peru. Habita o topo das árvores em florestas próximas a rios e áreas inundadas. Já a Corruíra-inca é uma espécie endêmica a uma pequena região do Peru, ocorre em altitudes que variam entre 1830m a 3350m, especialmente em áreas densamente ocupadas por bambu. Esta bela e enigmática ave pode ser observada na trilha que sai do sítio arqueológico de Machu Picchu em direção a porta do sol ou Intipunku.
Os participantes tiveram ainda o privilégio de observar diversas outras aves típicas da região como o Beija-flor-verde-e-branco (Amazilia viridicauda) entre as mais de 780 espécies presentes nas áreas visitadas.
O Brasil participou do evento com um time de peso. Batizado de Ararajuba, o grupo liderado pelo brasileiro Cassiano Zaparoli contou com grandes nomes da Observação de Aves do país, como Frederico Costa Tavares, Bruno Rennó e Eduardo Patrial.
Cassiano Zaparoli, ou “ZAPA”, como é mais conhecido, é graduado em turismo pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e vem trabalhando como guia naturalista e fotógrafo da vida selvagem a cerca de 10 anos. Zapa já liderou expedições no Brasil, Chile, Argentina, Madagascar e Amazônia Peruana e, ao longo de sua carreira como fotógrafo, já acumula um acervo de mais de 60.000 fotos.
Bruno Rennó falando com exclusividade para esta coluna afirmou que este foi um dos momentos mais emocionantes de sua vida e que além das belíssimas aves e dos magníficos cenários, foi um prazer imensurável conviver durante uma semana com alguns dos mais importantes observadores de aves do mundo. “Foi uma excelente maravilha”, afirmou.
Para participar do rali, Bruno interrompeu nada menos que estudos para a descrição de uma possível nova espécie de ave para o gênero Cacicus (em parceria com o ornitólogo Vitor Torga). Rennó é membro da diretoria da Associação Brasileira de Observadores de Aves (ABOA), sendo um dos fundadores da entidade. Observador de aves desde a infância, já participou de expedições na Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga e no Bioma Marinho. Como resultado, o ornitólogo coleciona centenas de registros fotográficos e sonoros de aves brasileiras, incluindo espécies endêmicas, raras e em perigo de extinção.
Ainda segundo Bruno, a Associação Brasileira já prepara o 1º Rally Brasileiro de Observação de Aves, que deverá acontecer em 2013. No Brasil, o rali será inicialmente subdividido em etapas regionais, onde somente as equipes finalistas participaram da última semana do evento. Durante esta última semana os competidores passarão por algumas das mais belas áreas naturais do país como o Parque Nacional do Itatiaia (RJ), a Serra do Caraça (MG) e as florestas de Linhares (ES).
A entidade promove no país o “Global Birding Initiative”, ou Iniciativa Global para Observação de Aves, cujo objetivo maior é popularizar a atividade internacionalmente.
Time brasileiro fica em 4ª lugar
O time brasileiro registrou em menos de uma semana 396 espécies de aves, foi um desempenho espetacular para a nossa equipe, que rendeu ao Brasil um importante 4º lugar na primeira edição deste que foi um dos campeonatos mais competitivos da história, onde a diferença entre o 1º e o 2º lugar foi de apenas 3 registros.
De fato, vencer a competição não era tarefa fácil para nenhuma das equipes. Os organizadores do rali reuniram no Peru renomados especialistas do mundo. Participaram do evento observadores dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Espanha, da África do Sul e do Brasil, divididos entre 6 equipes que somaram ao todo 24 competidores.
Entre os grandes nomes que competiram no evento estava Thomas S. Schulenberg, autor do guia de identificação de aves mais completo do Peru, o "Aves de Perú" (publicado em inglês e espanhol) e responsável pelo site “Neotropical Birds” ou, Aves Neotropicais, projeto colaborativo da Universidade de Cornell (EUA) que reuni e disponibiliza informações sobre a biologia das aves dos neotrópicos.
Além de observadores estrangeiros alguns dos rivais da equipe brasileira foram na verdade “colegas estrangeiros” que residem no Brasil há anos, é o caso de Andrew Whittaker, que representou a Inglaterra na equipe que conquistou o 2º lugar do campeonato, a Forest Falcons.
Andrew nasceu na Inglaterra e se mudou para o Brasil, em 1987, para participar de um projeto do Instituto Smithsonian, estudando as aves da Amazônia. Hoje, Whittaker é considerado uma autoridade mundial em aves amazônicas. Seu excepcional conhecimento das aves da região lhe rendeu a descoberta de diversas espécies novas para a ciência. Andrew além de integrar a diretoria da Associação Brasileira de Observadores e ser diretor da Birding Brazil Tours, prepara ao lado de Kevin Zimmer um novo guia de campo que pretende incluir todas as aves do Brasil.
Entre tantos ornitólogos de renome internacional, os vencedores da primeira edição do Birding Rally Challenge, foram os jovens norte-americanos do Museu de Ciência Natural de Louisiana. Liderados por Glenn SeeHolzer, o grupo formado por Michael Harvey, Ryan Terrill e Paul van Els levou o 1º lugar da competição com 493 aves observadas.
Fonte: http://www.oeco.com.br/convidados-lista/26781-o-incrivel-rally-internacional-de-observacao-de-aves
Água Boa.
Para ver e pensar no Natal.
Água Boa.
Uma experiência de preservação de nascentes através da implantação de sistemas agroflorestais em Araponga, Zona da Mata de Minas Gerais.
Água Boa from AGROECOLOGIA on Vimeo.
vídeo: https://vimeo.com/44011120 Fonte: Roberto Lamegosexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Mineração liberada em serra que emoldura obras de Aleijadinho
Com apoio de ampla maioria dos vereadores, a Câmara dos Vereadores de Congonhas (MG) aprovou na noite desta terça-feira o Projeto de Lei 027/2008, que define os limites do tombamento da Serra da Casa de Pedra. Não teria sido nada demais se o projeto não tivesse uma subemenda que permitisse que empresas de mineração realizem pesquisas e sondagens geológicas por 3 anos em uma área que integra a serra: o Morro do Engenho.
A emenda anula o tombamento da Serra de Casa de Pedra. Área emoldura a Basílica de Bom Jesus do Matosinho, onde estão os 12 profetas esculpidos por Aleijadinho. A lei 2.694/2007 tombou a Serra de Casa de Pedra e indicava que um novo projeto indicaria os limites do tombamento. Indicou, mas com uma subemenda que pode colocar em risco a própria Serra de Casa Pedra.
Se o projeto, que foi encaminhado para o prefeito for sancionado, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) que tem projeto de expansão de exploração mineral no município, poderá realizar estudos geológicos no Morro do Engenho, cujo potencial mineral é considerado fundamental para os planos de expansão da empresa.
Segundo informações do portal de notícias Fato Real, o vereador Advar Geraldo Barbosa (PSDB), autor da subemenda, afirmou que a proposta foi feita em concordância com a CSN e a participação do atual e do futuro prefeito.
A Serra de Casa de Pedra não é importante para a região apenas pelas suas belezas naturais. Mais da metade da água consumida na cidade mineira de Congonhas vem da Serra.
Fonte: http://www.oeco.com.br/noticias/26778-mineracao-liberada-em-serra-que-emoldura-obras-de-aleijadinho
Populações de tartarugas marinhas crescem no Brasil, diz Projeto Tamar
As desovas de tartarugas-oliva nas praias de Sergipe aumentaram de cem para dois mil nos últimos 30 anos. | Fonte: Projeto Tamar
Espécie que estava ameaçada de extinção, as desovas de tartarugas-oliva nas praias de Sergipe aumentaram de cem para dois mil nos últimos 30 anos. De acordo com levantamento do Projeto Tamar, responsável pela conservação das cinco espécies de tartarugas marinhas existentes na costa brasileira, nos últimos cinco anos, todas elas mostraram recuperação dos ciclos reprodutivos.
“Quando chegamos, as populações estavam diminuindo. Agora a reprodução está aumentando. Hoje, algumas espécies têm 20 vezes mais tartarugas do que quando chegamos. Podemos ver isso pelo número de ninhos que têm nas praias”, disse Guy Marcovaldi, coordenador nacional do Tamar.
Marcovaldi não exita em afirmar que os números refletem a atuação das equipes do projeto que completa 33 anos. Mas, segundo o próprio pesquisador, as ameaças às espécies de tartarugas no país não cessaram. Há três décadas, o risco era a matança direta dos ovos e dos animais. Atualmente, além dessa prática - que parecia extinta, mas está sendo retomada em algumas regiões, como no litoral norte do Ceará - biólogos e técnicos têm observado outras ameaças provocadas pela ocupação do litoral.
“Começaram a surgir muitas casas onde as tartarugas desovam e devido à luz causam problemas, afetando o comportamento das tartarugas. Elas são guiadas pela luz mais forte e, ao invés de retornarem para o mar, migram na direção da praia”, explicou ele. O problema é mais frequente em algumas regiões, como no litoral norte da Bahia, por conta do aumento da população. Mas, Marcovaldi alerta que o risco está em todas as praias de desova ocupadas tanto por residências quanto por portos, por exemplo, como é o caso do litoral capixaba.
A pesca também se mantém como uma das principais ameaças. Muitas vezes, sem a intenção, os pescadores acabam capturando tartarugas durante a atividade. O problema tem sido enfrentado de três maneiras pelos pesquisadores do Tamar. Segundo Marcovaldi, a estratégia mais radical e menos aplicada é o deslocamento dos pescadores para áreas onde não existem tartarugas.
“Outra forma é o pescador se acostumar a livrar a tartaruga e devolvê-la para o mar e isso tem acontecido com bastante frequência”, disse, acrescentando que ainda é possível reduzir os riscos, mudando os apetrechos utilizados na pesca. O anzol circular, por exemplo, diminui em 70% o risco de captura involuntária, pelo formato da peça que impede o encaixe na boca da tartarugas.
Os resultados e novos desafios do Tamar serão apresentados hoje (14), durante uma homenagem aos 33 anos do projeto, no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas, na Praia do Forte, na Bahia. Uma das iniciativas que devem ser destacadas é o rastreamento de tartarugas por satélite, iniciada há um mês.
“Soltamos um filhotinho de cabeçuda no norte da Bahia, que já esta no sul da Bahia, na região de Abrolhos e deve chegar em Santa Catarina. No mês que vem, vamos ter mais seis tartarugas rastreadas e queremos descobrir para onde os filhotes seguem, depois que nascem. Vai ser importante saber essa rota e adotar medidas de proteção”, explicou Marcovaldi.
A homenagem vai começar com a soltura do filhote de número 15 milhões nascido no laboratório do projeto, simbolizando o número de tartaruguinhas liberadas no mar desde a criação do Tamar.
Por Carolina Gonçalves - Agência Brasil
Fonte:http://ciclovivo.com.br/noticia/populacoes-de-tartarugas-marinhas-crescem-no-brasil-diz-projeto-tamar
Para quem os royalties do petróleo trazem felicidade?
por Leonardo Sakamoto*
No coração do Amazonas, banhado pelo rio Solimões, Coari era igual a qualquer outro município no meio da maior floresta tropical do planeta, com uma pequena população. A realidade local começou a mudar quando foram descobertos petróleo, de excelente qualidade, e uma imensa jazida de gás natural cerca de três mil metros abaixo do solo. A partir daí, a Petrobras implantou em suas terras a Província Petrolífera do Rio Urucu, tornando possível a prospecção, o transporte e o escoamento do material até o Solimões e, de lá, para a Refinaria de Manaus (Reman). Fui para lá há alguns anos escrever sobre a cidade e, anos depois, atualizei os dados com a ajuda do jornalista Maurício Reimberg.
A histórica é igual a tantas outras em território nacional e serve para mostrar um exemplo de como a discussão dos royalties da camada pré-sal, que anima as discussões no Congresso Nacional e as ruas de Estados como o Rio de Janeiro, ainda não estão alinhadas com a realidade dos brasileiros.
Dezenas de milhões foram pagos em royalties – o município é um dos campeões nacionais. Contudo, a compensação financeira pela exploração do subsolo não foi sentida pela população mais vulnerável. “Não houve mudança significativa com a vinda da Petrobras. Nas comunidades por onde passa o gasoduto, as pessoas não sabem para quem vão os benefícios”, afirmou Joércio Golçalves Pereira, então bispo da Prelazia de Coari. Ouvi reclamações sobre a falta de saneamento básico, de água potável e o acúmulo de lixo nas vias. Diante do quadro de precarização da saúde, cresce o número de casos de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, além da violência. A exploração sexual de crianças e adolescentes é mais uma das faces de um desafio à espera de solução em Coari. Uma possível consequência disso é que a estatística das meninas grávidas com idade até 15 anos mostrava uma elevada incidência da maternidade precoce. Entre mulheres que tiveram filhos em Coari, no primeiro semestre de 2008, 13,9% estavam nessa faixa. Em 1995, um ano antes da chegada do petróleo à cidade, apenas 1,7% das grávidas tinha idade abaixo de 15 anos.
Em maio de 2008, uma grande ação da Polícia Federal sacudiu o cenário político de Coari. A Operação Vorax, alusão a uma bactéria que se alimenta de petróleo, investigou uma quadrilha acusada de participação num suposto esquema de desvio de verbas públicas na prefeitura local. Segundo a Polícia Federal, a organização criminosa se apropriava de recursos repassados pelo governo federal e pela Petrobras referentes à exploração de petróleo e gás no município. Segundo a conclusão da fiscalização feita em 2007 pela Controladoria-Geral da União (CGU), em parceria com a PF, os supostos desvios praticados pela prefeitura de Coari geraram mais de R$7 milhões em prejuízos aos cofres públicos entre 2001 e 2006, sendo R$3,1 milhões em recursos federais e mais de R$3,8 milhões em receitas de royalties.
As empresas que fazem a exploração de petróleo, gás natural ou xisto betuminoso repassam o valor dos royalties à Secretaria do Tesouro Nacional. O cálculo exato depende de fatores como riscos geológicos e expectativas de produção. Cabe à Agência Nacional do Petróleo apurar o valor devido aos beneficiários e garantir o pagamento. O montante – dividido entre estados e municípios produtores (ou que abriguem estrutura de transporte) e, eventualmente, a Marinha e o governo federal – é então depositado em contas do Banco do Brasil. A legislação em vigor proíbe sua utilização na amortização de dívidas ou na folha de pagamentos. E, é claro, no uso dos recursos coletivos de forma individual.
Os lucros advindos da implantação de grandes empreendimentos de exploração mineral permanecem na mão de poucos, enquanto o prejuízo social e ambiental decorrente da extração é dividido por todos. E isso se reproduz em outros lugares, do Recôncavo Baiano, ao Sertão nordestino e às cidades que se beneficiam da exploração marítima, ricos em royalties do petróleo e derivados, mas com baixo índice de desenvolvimento humano.
Há algum tempo, Eike Batista afirma ter “descoberto” uma grande jazida de gás natural no Maranhão. Um amigo de lá comemorou o fato, dizendo que isso poderia financiar o desenvolvimento através de recursos pagos na forma de royalties, tirando o Estado da pobreza. Eu tenho minhas dúvidas, para não dizer certezas. O Maranhão não é pobre. Parte de suas elites política e econômica é que fez e faz com que as riquezas estejam na mão de poucos – a ponto de ostentar um baixo Índice de Desenvolvimento Humano. O que garante que novos recursos irão para a população?
Diante disso, é difícil acreditar que todas as brigas no Congresso Nacional por fatias maiores de royalties para os estados são por puro interesse público. Afinal de contas, não é que dinheiro não traga felicidade. Dinheiro mal aplicado é que gera tristeza.
* Publicado originalmente no site Blog do Sakamoto.
(Blog do Sakamoto)
Fonte: http://envolverde.com.br/educacao/para-quem-os-royalties-do-petroleo-trazem-felicidade/
Brasil completa 30 anos de expedições para a Antártida
por Igor Truz, da Agência USP
Há 30 anos, no dia 20 de dezembro de 1982, zarpou do Porto de Santos em direção ao polo sul o navio oceanográfico W. Besnard, do Instituto Oceanográfico (IO) da USP. A embarcação conduziu o primeiro grupo de pesquisadores brasileiros para a Antártida e foi decisiva para o reconhecimento da ciência brasileira por toda a comunidade internacional.
Antártica é região estratégica para estudos climáticos
Em 1959, 12 países assinaram o Tratado Antártico. O Brasil viria assinar o documento somente em 1975 e em 1983 passou a integrar a Parte Consultiva, que dava direito a voz e voto sobre as decisões do destino do continente. Para ser membro consultivo, o pré-requisito exigido pelo Tratado era que o país promovesse algum tipo de pesquisa na região.
A Antártida interessa ao Brasil, essencialmente, por três razões: Segurança nacional, pois é uma das únicas passagens do oceano Atlântico para o Pacífico, através do estreito de Drake; Econômica, por conta das riquezas naturais; e Científica, devido as especificidades da região em todos os sentidos, principalmente no papel exercido pelo oceano sobre as condições climáticas do planeta.
Por conta disso, o Brasil lançou em janeiro de 1982 o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), um esforço interministerial que contou com o apoio da Marinha e financiamento do CNPq, a fim de possibilitar condições para que pesquisadores brasileiros pudessem chegar a Antártica. “O coração do PROANTAR é a logística oferecida, o favorecimento da pesquisa lá. Não basta apenas o pesquisador querer ir. É necessário que o país ofereça condições de embarque e recursos financeiros para viabilizar a pesquisa”, afirma a professora Elisabete S. Braga.
Até os dias de hoje, o PROANTAR garante a presença científica dos brasileiros no continente gelado. Com média anual, desde a primeira expedição, de 20 projetos de pesquisa, o programa é dividido basicamente em duas partes, pesquisas em mar e em terra.
O continente antártico é explorado apenas para fins pacíficos e científicos
Em 1984, o PROANTAR construiu a estação Comandante Ferraz, onde eram realizadas as pesquisas em terra na Antártida. No entanto, estes estudos foram interrompidos devido a um incêndio que destruiu a estação, em 25 de fevereiro de 2012. Todos os esforços do programa hoje estão direcionados para a reconstrução da base. As pesquisas nas águas prosseguem. Para Elisabete, é imprescindível que as pesquisas continuem. “Não podemos interromper 30 anos de pesquisa, inclusive porque seria colocada em risco a própria presença do Brasil enquanto membro consultivo do Tratado Antártico”. As pesquisas oceanográficas na região são fundamentais, por conta da importância do continente enquanto “radiador” do planeta.
Primeiro brasileiro
Muito antes da primeira expedição brasileira, o primeiro brasileiro a fazer parte de uma expedição científica para a Antártida foi o meteorologista Rubens Junqueira Villela, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. A bordo do navio norte-americano Glacier, Villela embarcou no ano de 1961 enquanto jornalista. Apenas quando já havia embarcado, recebeu do CNPq o título de observador científico, o que lhe deu a condição de ser o primeiro brasileiro a fazer parte de um grupo científico no continente.
Entretanto, Villela considera de maior relevância a sua participação na primeira expedição brasileira. O meteorologista participou de toda a preparação do W. Besnard e foi um dos 12 pesquisadores que, juntamente com 24 tripulantes, todos homens, desbravou os mares e garantiu uma posição inédita para o Brasil ante a comunidade internacional.
Além de promover pesquisas meteorológicas, Villela foi o responsável por garantir a segurança da viagem, através de previsões de tempo e produção de cartas sinóticas, que faziam uma espécie de mapeamento da região por meio de informações recebidas via rádio.
Villela participou de outras cinco expedições à Antártida. Contudo, ele ressalta as dificuldades daquela primeira expedição brasileira, que eram desde o próprio navio, considerado inadequado para enfrentar o percurso, às condições climáticas desfavoráveis, e até os incidentes diplomáticos na Argentina, onde todos os presentes no W. Besnard foram obrigados a subir ao convés, durante a madrugada, para preenchimento de formulários. Na época, a Argentina fazia campanha contra a presença brasileira na região, e a incorporação do Brasil enquanto membro consultivo do Tratado Antártico. A chegada a Antártica aconteceu no dia 9 de janeiro de 1983.
W. Besnard: Um patrimônio Histórico
Navio Oceanográfico W. Besnard
Responsável pela condução dos primeiros pesquisadores para a Antártida, e por mais seis expedições para o continente até o ano de 1988, o W. Besnard não está mais em atividade, e foi substituído recentemente pelo navio Alpha Crucis.
Como não será mais utilizado para qualquer trabalho de campo, W. Besnard, de propriedade da USP, terá seu destino decidido após a análise de algumas possibilidades. A manutenção da embarcação, mesmo em água, é muito cara, e um dos fins cotados é o afundamento controlado, a fim de transformá-lo em um recife de corais.
Para Elisabete, este seria um fim trágico para o navio. “Aqui no IO somos contrários ao afundamento. Poderíamos transformá-lo em um museu visitável, o que seria bom para a educação ambiental e para sua preservação histórica. Hoje o instituto se esforça para mantê-lo enquanto patrimônio visitável, histórico e educativo. É preciso reconhecer o que significa o navio W. Besnard.”
O W. Besnard foi uma plataforma da USP, utilizada pelo IO, que mudou o estatus político do Brasil no cenário internacional.
* Publicado originalmente no site Agência USP.
(Agência USP)
Fonte: http://envolverde.com.br/noticias/brasil-completa-30-anos-de-expedicoes-para-a-antartida/
Brasil perdeu o equivalente ao estado do Rio de Janeiro de áreas protegidas
Quarenta e cinco quilômetros quadrados. Essa é a dimensão da perda de áreas protegidas no Brasil, em 30 anos. O tamanho equivale, aproximadamente, ao estado do Rio de Janeiro. E se as informações parecem assustadoras, é válido ressaltar que tem outra notícia: nos últimos cinco anos, a história se complicou, devido, sobretudo, as obras de infraestrutura ligadas ao setor elétrico, realizadas pelo governo federal na Amazônia.
Os dados fazem parte de um estudo realizado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que contabilizou todos os eventos de redução, declassificação e reclassificação (RDR) em unidades de conservação do país desde 1981. Segundo os pesquisadores, cerca de 70% dos casos de RDR aconteceram a partir de 2008.
“O que era para ser uma exceção vai se tornar a regra? Essa é a dúvida”, questionou ao Estadão, um dos autores do estudo, Enrico Bernard, do Departamento de Zoologia da UFPE.
O setor elétrico foi o maior motivador da destruição, com a marca de 21 eventos (equivalente a 44%, do total), incluindo 11 declassificações (em que unidades de conservação deixaram de existir), nove reduções e uma reclassificação.
“A maior parte desses eventos ocorreu a partir de 2010, com a publicação do plano de energia do governo, que aponta a Amazônia como grande reservatório de energia do Brasil”, pontuou Bernard. Especulação imobiliária e agronegócios também fazem parte da lista das causas da perda de áreas protegidas.
O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) defendeu que, apesar do impacto causado, as construções realizadas nestes locais refletiram no crescimento do país. “Entendo que a tendência é estabilizar o número de ações em unidades de conservação. Uma coisa era o país há cinco ou dez anos. O grosso da afetação está concluído”, analisou.
A pesquisa, que ainda não foi publicada em revistas científicas, não levou em consideração os territórios indígenas, apenas unidades de conservação estaduais e federais.
* Publicado originalmente no site EcoD.
(EcoD)
Fonte: http://envolverde.com.br/noticias/brasil-perdeu-o-equivalente-ao-estado-do-rio-de-janeiro-de-areas-protegidas/
Bebê golfinho nasce por técnica de seleção de sexo em parque dos EUA
Fêmea da espécie nariz-de-garrafa nasceu este mês com 16 kg e 1 metro. Método permite controlar diversidade genética e evitar extinção de animais.
Um golfinho nasceu este mês no parque americano Discovery Cove, em Orlando, na Flórida, por meio de uma técnica chamada "sperm-sexing", que separa os cromossomos (X e Y) que definem o sexo do bebê e, portanto, é capaz de escolher se ele será macho ou fêmea.
O animal é uma fêmea da espécie nariz-de-garrafa que chegou ao mundo no início de dezembro, pesando 16 kg e medindo 1 metro de comprimento.
(Correção: O texto havia informado anteriormente que o filhote media 3,5 metros de comprimento. A informação foi dada pela assessoria do parque SeaWorld e corrigida às 15h08)
Bebê golfinho brinca com a mãe em parque da Flórida, sudeste dos EUA (Foto: Discovery Cove/Divulgação)
Segundo cientistas do Centro de Pesquisa Reprodutiva dos parques Busch Gardens e SeaWorld – ao qual pertence o Discovery Cove –, o método permite controlar a diversidade genética e evitar a extinção de várias espécies marinhas.
O novo filhote é o 15º do mundo concebido por esse processo de pré-seleção de sexo e inseminação artificial. Entre os golfinhos nativos do Discovery Cove, inaugurado em 2000, ele é o 25º a nascer.
No parque, os visitantes também podem nadar com os animais, praticar snorkel com arraias e peixes tropicais, e alimentar pássaros exóticos.
Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/12/bebe-golfinho-nasce-por-tecnica-de-selecao-de-sexo-em-parque-dos-eua.html
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Praias do Rio recebem chuveiros movidos a energia solar
Uma novidade sustentável chega às praias do Rio de Janeiro neste ano. São as duchas movidas a energia solar, a serem instaladas na praia de Copacabana. Ao todo serão 32 chuveirinhos a partir de janeiro.
Além de ecológicas, as Ecoduchas terão água filtrada. Os chuveiros ficarão próximos ao calçadão para serem usados pelas pessoas que saírem da praia e para os que quiserem se refrescar após a prática de exercícios.
A empresa Blue Sol Energia Solar foi a responsável por doar os chuveiros à Secretaria Municipal de Meio Ambiente do RJ. E, de acordo com o contrato, ainda fará a manutenção diária dos equipamentos ao longo de dois anos.
Um chuveiro para testes foi instalado, há um ano, no Posto 9, na praia de Ipanema. As bombas de sucção da água das ecoduchas são enterradas na areia e os painéis com placas fotovoltaicas transformam a luz solar em energia que movimenta as bombas de captação de água.
O sócio-diretor da companhia, Luis Otávio Colaferro, explicou à Agência Globo, que entre a bomba e o chuveiro há o sistema de filtragem da água, que é feito com brita. Ele ressalta que, mesmo com a filtragem, a água não é potável. Como ela passa pela areia, a salinidade da água é baixa e a areia já realiza um processo similar ao de filtragem, mas por ser salobra ela não pode ser usada para consumo.
Para utilizar os chuveirinhos ecologicamente corretos é simples: basta acionar um botão que o dispositivo jorra a água em cinco segundos. Em Ipanema, onde foi realizado o teste, os banhistas aprovaram a ecoducha e ela permanecerá na praia. Os mesmos aparelhos já são usados em praias do Nordeste. Com informações de Agência O Globo.
Redação CicloVivo: http://ciclovivo.com.br/noticia/praias-do-rio-recebem-chuveiros-movidos-a-energia-solar
Floresta Estacional Sempre-Verde é reconhecida como novo tipo de vegetação brasileira
Rio de Janeiro – A partir de agora, um novo tipo de vegetação passará a constar oficialmente em mapeamentos florestais do país. A Floresta Estacional Sempre-Verde, que existe apenas no estado de Mato Grosso, já havia sido identificada há alguns anos, mas só agora passou a constar oficialmente no Sistema de Classificação da Vegetação Brasileira. A descrição do novo tipo de vegetação aparece na segunda edição do Manual Técnico da Vegetação Brasileira, lançada na terça-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O livro, elaborado por engenheiros florestais, agrônomos, biólogos, geógrafos e geólogos, traz metodologias para a realização de estudos, mapeamentos e pesquisas da vegetação no país. Também chamada de Floresta Estacional Perenifólia, a vegetação se caracteriza pela manutenção de uma coloração muito verde, mesmo em períodos de estiagens.
A floresta se estende por toda a região da Bacia Sedimentar dos Parecis e parte das depressões do Guaporé, Paraguai, Araguaia e Planalto do Tapirapuã. Segundo o IBGE, a vegetação ocorre em áreas de clima tropical que tem duas estações bem distintas: uma chuvosa e uma seca (que varia entre quatro e seis meses).
Três subtipos da vegetação foram identificados: as variações aluvial, de terras baixas e de submontanha. Na floresta aluvial, que pode ser encontrada nas calhas dos rios Culuene, Teles Pires, Verde, Arinos, Sangue, Juruena, Juína, Jauru e Guaporé, as árvores têm, em média 25 metros de altura.
A floresta das terras baixas pode ser encontrada nos terrenos sedimentares das depressões dos rios Paraguai, Guaporé e Araguaia, em altitudes em torno de 200 metros. Nesse subtipo de floresta, as árvores têm, em média, de 35 a 40 metros de altura.
Já a floresta de submontanha, que tem árvores medindo acima de 30 metros, ocorre nos terrenos sedimentares do Planalto dos Parecis, especialmente na região do Alto Xingu, em altitudes que variam de 300 a 450 metros.
A Floresta Estacional Sempre-Verde se junta a outros tipos de vegetação que ocorrem no Brasil, como as florestas ombrófilas (típicas da Amazônia e da Mata Atlântica), as savanas e a Caatinga.
* Edição: Juliana Andrade.
** Publicado originalmente no site Agência Brasil.
(Agência Brasil)
Fonte: http://envolverde.com.br/noticias/floresta-estacional-sempre-verde-e-reconhecida-como-novo-tipo-de-vegetacao-brasileira/
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
O que fazer se o mundo não acabar no dia 21/12/12?
As profecias de que o mundo vai acabar nesta sexta-feira (21) ganharam o gosto dos brasileiros. Há os que acreditam e já se preparam para o apocalipse, mas também existem os céticos e aqueles que aproveitam a situação para fazer piadas. Real ou não, a previsão inspira certa reflexão. Se o mundo não acabar, será impossível encarar a vida como se uma nova chance fosse dada. Talvez não dê mais tempo de mudar o que passou, mas sempre é possível melhorar o que está por vir.
Assim sendo, o CicloVivo separou cinco sugestões de novos costumes que podem ser adquiridos e velhos hábitos a serem esquecidos, sempre com o intuito de deixar a vida o mais sustentável e prazerosa possível.
1. Praticar uma ou mais atividades físicas
De acordo com o site do Hospital Israelita Albert Einstein, “a atividade física é imprescindível para elevar as condições de saúde de todos os indivíduos, prevenindo contra várias doenças, como: diabetes, osteoporose, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares, depressão, entre outros”.
Além do benefício direto à saúde, a atividade física dá prazer e traz consigo muitos sentimentos bons, sensação de liberdade e felicidade, adrenalina e muito mais. Portanto, se o mundo acabar deixe o carro de lado e vá a pé ou de bicicleta. Comprometa-se em passear com seus filhos, pais e amigos, esta é uma boa oportunidade para trocarem ideias e ajuda mútua. Não é necessário se tornar um atleta, lembre-se de que colocando o corpo em movimento todo o resto funcionará melhor.
O físico Albert Einstein já dizia: “A vida é como andar de bicicleta. Para manter o equilíbrio é preciso se manter em movimento.”
2. Parar de fumar
Essa deve ser uma das promessas mais comuns na virada do ano. Se a mudança no calendário serve de inspiração, o que dizer então da sobrevivência ao apocalipse?
O tabaco também é uma droga e, como tal, pode trazer diversos malefícios à saúde. Isso ainda significa que, em muitos casos, abandonar o hábito de fumar é algo que ultrapassa o simples fato de ter vontade de parar. Às vezes é preciso contar com ajuda especializada. Atualmente o governo brasileiro, através do ministério da Saúde, oferece tratamentos para pessoas que querem parar de fumar. A iniciativa faz parte de uma campanha nacional contra o tabagismo.
3. Comer menos comida industrializada
Não adianta praticar atividades físicas e manter alguns hábitos saudáveis se a alimentação não for prioridade. A comida industrializada e os fast-food podem ser verdadeiros venenos para a saúde. Os altos níveis de gordura, sódio, conservantes, corantes e outros aditivos químicos são fatores que incentivam o desenvolvimento de doenças das mais diversas.
Por isso, dê preferência à alimentação natural e balanceada. Frutas, legumes, vegetais, cereais e carnes são essenciais para controlar o nível de vitaminas e nutrientes necessários para o bom funcionamento de todo o corpo humano. Portanto, atente a isso. A correria do dia-a-dia limita as possibilidades, mas dar preferência à vida é sempre o melhor. Afinal, esta é uma segunda chance. É hora de repensar a importância das coisas.
4. Dedicar-se a algo que realmente lhe dê prazer
Não é preciso ser radical. Largar o emprego, fazer as malas, pegar a barraca e partir sem rumo pelo mundo. Apesar de que, essa também é uma boa ideia. No entanto, é possível conciliar o trabalho com outras atividades prazerosas.
Neste caso, não trata-se apenas de priorizar o lazer, mas sim focar parte do tempo e disposição em outras coisas divertidas e recompensadoras. A sugestão é dedicar-se a algum tipo de trabalho voluntário. Existem atividades para todos os tipos de pessoas, gostos e habilidades, basta você estar disposto a encontrar algo que lhe satisfaça e ao mesmo tempo ajude outras pessoas.
Você verá que, no final das contas, o maior beneficiado será você mesmo.
5. Plantar uma árvore
Se sobrevivermos a este apocalipse, então podemos ajudar a evitar o fim do mundo em consequência de alguma catástrofe causada pelo impacto do homem na natureza. Faça a sua parte, plante uma árvore, ou duas, ou dez, ou quantas puder e quiser. Dedique-se e atente ao cuidado ambiental em todos os detalhes. Trabalhe para que o seu bairro e a sua cidade sejam mais limpos, compartilhe conhecimento, separe os resíduos e destine-os adequadamente e acima de tudo seja gentil em todas as atitudes. Afinal, “gentileza gera gentileza” e o que é bom contagia.
E você? O que pretende fazer se o mundo não acabar?
Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo: http://ciclovivo.com.br/noticia/o-que-fazer-se-o-mundo-nao-acabar-no-dia-21-12-12
Baleia é vista na orla da Zona Sul do Rio
Mamífero apareceu na manhã desta terça-feira. Animal nadava próximo ao Morro do Vidigal.
Uma 'visitante de peso' apareceu, nesta terça-feira (18), na praia de São Conrado, na Zona Sul do Rio, como mostrou o RJTV.
Uma baleia passou a apenas 300 metros da costa, fazendo a alegria de banhistas que puderam observar o animal. Embora a visibilidade da água não estivesse muito boa, foi possível ver os saltos da baleia.
Para ler mais notícias do G1 Rio, clique em g1.globo.com/rj. Siga também o G1
Fonte e vídeo: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/12/baleia-e-vista-na-orla-da-zona-sul-do-rio.html
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Consumidor doméstico que gerar energia poderá ter abatimento em conta de luz
O consumidor que gerar energia e fornecer seu excedente às concessionárias poderá ter o valor da conta de luz reduzido, a partir desta semana. A possibilidade está prevista em resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) segundo a qual residências ou empresas microgeradoras - com capacidade de até 100 quilowatts (kW) - ou minigeradoras - até 1 megawatt (MW) - terão direito a compensação na conta proporcional ao valor da energia repassada.
Para falar desse assunto, o programa Revista Brasil, da Rádio Nacional entrevistou na última segunda (17) o coordenador da campanha Clima e Energia, do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo. Segundo ele, a Resolução 482/2012 é “um grande estímulo” e o “primeiro passo” para o avanço da energia solar no Brasil.
“Em todos os países onde a energia solar deslanchou, como Alemanha, Espanha e Japão, tudo começou com algum tipo de incentivo. No Brasil, há uma adaptação disso [que já foi feito por lá]. Todo mundo poderá gerar energia limpa em casa e economizar na conta de luz”, disse Baitelo. Ele explica que a concessionária terá, no máximo, de 80 a 100 dias – após manifestação de interesse, pelo consumidor, em gerar energia – para viabilizar o negócio.
“O Brasil tem um enorme potencial para ter esse tipo e geração. Temos uma série de vantagens que os outros países não têm. Alemanha e Espanha tiveram de colocar tarifas promocionais para estimular as pessoas a instalarem equipamentos. Aqui no Brasil, a gente tem sol o ano inteiro. Se observarmos a variação de radiação solar entre inverno e verão, ela é mais viável e, mesmo custando mais caro, vale a pena”, disse o coordenador do Greenpeace.
“Durante o dia, as pessoas saem de casa e, com o sol brilhando, estariam gerando energia [ainda que sem utilizá-la]. À noite, quando o sol se põe, não havendo baterias [para armazenamento da energia] neste sistema [com painéis solares], se poderia puxar de volta a energia que foi disponibilizada à concessionária. Seria uma troca de favores constante [entre consumidor e concessionárias]”, acrescentou.
As concessionárias pediram, em meio às negociações com a Aneel, um pequeno requisito técnico para integrar os minigeradores ao sistema. “Você declara interesse, ela [a concessionária] se certifica de que o sistema atende aos critérios de segurança, até para evitar possibilidades de acidentes quando um técnico dela fizer visitas de manutenção. As concessionárias vão ajudar, inclusive, a adquirir equipamentos paralelos também, como medidor de energia adicional, para detectar fluxo de energia da casa até a concessionária”.
Baitelo informou que o custo desse tipo de equipamento está caindo vertiginosamente, mas admite que permanece caro para os padrões brasileiros. “No Brasil ainda é um pouco caro, com os custos variando, inclusive, em função da região ou estado e dos valores das tarifas”, ponderou. Mais informações sobre o assunto poderão ser obtidas no site da Aneel.
Pedro Peduzzi, da Agência Brasil
Fonte: http://ciclovivo.com.br/noticia/consumidor-domestico-que-gerar-energia-podera-ter-abatimento-em-conta-de-luz
Empresa de Eike Batista é acusada por desastre ambiental no RJ
A empresa LLX, do brasileiro Eike Batista, é acusada de ser responsável pela salinização da lagoa de Iquiparí, em São João da Barra (RJ). Em consequência disso os agricultores da área perderam parte da produção e existe o risco de desertificação da região.
O impacto ambiental foi identificado por pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e ocorreu após a construção do porto do Açu, pela LLX. A possível causa para a salinização está associada à areia dragada do mar e depositada às margens da represa.
De acordo com os especialistas, a areia retirada para aumentar a profundidade do mar e do canal para a passagem dos navios vem carregada de grande volume de água do mar. Até o momento já foram retirados 31 bilhões de litros de areia e a água residual pode ter escorrido para o reservatório de água doce.
Conforme informado na denúncia feita pela Folha de S. Paulo, o caso está sob investigação dos ministérios públicos Federal e Estadual. Mesmo com as análises técnicas feitas pela universidade, a empresa se defende, dizendo que possui um sistema próprio de drenagem que leva a água contida na areia diretamente para o mar.
Outra informação dada pela empresa é de que a água já apresentava altos níveis de salinidade antes mesmo de o porto ser construído. Os agricultores locais, por sua vez, informam que sempre utilizaram a água do canal de Quitingute e nunca tiveram problemas. As anomalias e perda da produção ocorreram após o início das obras. O nível de salinidade adequado é de 0,14. Atualmente o canal usado para a irrigação dos cultivos locais apresenta salinidade em 2,1. Com informações da Folha.
Redação CicloVivo
Fonte: http://ciclovivo.com.br/noticia/-empresa-de-eike-batista-e-acusada-por-desastre-ambiental-no-rj
reas protegidas argentinas se projetam para o mar
Buenos Aires, Argentina, 18/12/2012 – A Argentina está dando passos acelerados na criação de áreas marinhas protegidas. Nos últimos dez anos, este tipo de preservação em águas salgadas se estendeu, e pela primeira vez se somará à rede uma área no Oceano Atlântico. O Congresso aprovou no final de novembro a criação de dois parques costeiros em águas oceânicas na província de Santa Cruz e deu meia sanção ao projeto de criar uma área protegida em torno da meseta submarina identificada como Banco Burdwood.
Esta área, com uma diversidade biológica muito rica e alta vulnerabilidade, está localizada nas Ilhas Malvinas, o arquipélago reclamado por Argentina e Grã-Bretanha, e 150 quilômetros a leste da Ilha dos Estados, que pertence à província de Terra do Fogo. Será a primeira área protegida oceânica dentro da zona econômica exclusiva da Argentina, mas fora da área de influência jurisdicional das províncias, o significa que, devido à estrutura federal do país, ficará sob administração do Estado nacional.
A iniciativa do Banco Burdwood convocou múltiplos atores políticos, cientistas e ambientalistas, que apoiaram a ideia. O projeto foi aprovado quase por unanimidade na Câmara de Deputados e caminha para uma segura confirmação no Senado.
Com esses passos, “nos aproximamos muito do compromisso de proteger 10% dos mares até 2020”, disse à IPS a coordenadora do Programa de Áreas Protegidas da Fundação Vida Silvestre Argentina, Andrea Michelson. A ativista se referia à meta 11 do Plano Estratégico para a Diversidade Biológica 2011-2012, assinado pelos países participantes na décima Conferência das Partes (COP 10) do Convênio sobre a Diversidade Biológica, realizada em 2010 na cidade japonesa de Nagoya.
A meta é que, até 2020, pelo menos 10% das zonas marinhas e costeiras, “especialmente as que apresentam particular importância para a diversidade biológica e os serviços dos ecossistemas, estejam conservados por meio de sistemas de áreas protegidas”. A Administração de Parques Nacionais indica que, neste país, que tinha protegido apenas 0,5% de sua costa marinha em 2003, essa área aumentou em novembro para 1,8%, após a criação dos dois parques de Santa Cruz, e com o Banco Burdwood se poderá chegar a 4%.
Até agora, as áreas protegidas existentes são costeiras. Trata-se dos parques Marinho Costeiro Patagônia Austral, na província de Chubut, Monte León e os recém-criados Isla Pingüino e Makenke, todos em Santa Cruz. Contudo, com a criação da área oceânica, muito mais extensa, se avança rapidamente para alcançar as Metas de Aichi sobre diversidade, pelo nome da província japonesa em cuja capital foi assinado o Protocolo de Nagoya.
“É muito difícil chegar aos 10% sugeridos apenas com áreas costeiras, e não será tão rica e diversa a zona de proteção se não for incorporada parte do oceano”, disse Andrea, que tem grande expectativa na sanção do projeto que protege o Banco Burdwood. Para a Fundação Vida Silvestre e outras organizações ambientalistas, a criação de uma área protegida puramente marinha apresenta um enorme desafio para seu manejo, a cargo de vários órgãos estatais e ministérios, já que se trata de fazer um acompanhamento remoto de um espaço no qual intervêm múltiplos atores.
O projeto pretende dar à nova área de preservação o nome de Namuncurá, em homenagem ao indígena Ceferino, da Patagônia, morto ainda jovem, no começo do século 20, e hoje em processo de canonização. Entretanto, manterá o nome de Burdwood para o acidente geográfico, em cujo entorno se prevê um zoneamento de 34 mil quilômetros quadrados.
O biólogo Santiago Krapovickas, coordenador do Fórum para a Conservação do Mar Patagônio e Áreas de Influência, disse à IPS, se referindo à criação da área oceânica, que “será a primeira vez que se tenta algo assim na Argentina”. E acrescentou que “nós, que trabalhamos em conservação, estamos muito esperançosos com esta novidade, porque se trata de um sítio único no mar argentino, muito singular, pouco explorado, delicado, com espécies que ainda nem foram descritas”.
Em razão deste projeto, o Fórum, que reúne diversas organizações de Argentina, Chile, Uruguai e outras internacionais, está recopilando informação científica sobre a área para divulgar a riqueza que guardam essas profundezas marinhas. Na área em questão, há esponjas, crustáceos, tubarões, merluzas de cauda, austral e negra, pinguins de penacho amarelo e de frente dourada, variedades de albatrozes e petreles, golfinhos austrais, elefantes e lobos-marinhos, entre outras espécies.
Krapovickas explicou que a meseta submarina é rodeada por uma corrente marinha fria que vem das Ilhas Malvinas e, ao se encontrar com este obstáculo, movimenta o fundo, que é muito rico em nutrientes, gerando uma área ideal para a reprodução. Também destacou que, por ser um fundo marinho relativamente pouco profundo sobre a meseta – entre 100 e 200 metros – recebe luz solar, um fenômeno que permite o desenvolvimento do fitoplâncton, que está na base da cadeia alimentar.
O biólogo explicou que atualmente o banco não está ameaçado. Não é uma área tão apreciada para pesca, porque há outras de acesso mais fácil e porque agora os preços internacionais não justificam o esforço de captura. E acrescentou que tampouco se vê risco de exploração de hidrocarbonos, pelo menos no momento, apesar de estar perto das Malvinas, em disputa de soberania com a Grã-Bretanha, que as ocupa desde o século 20, e em torno das quais há projetos de prospecção.
Krapovickas, de todo modo, acredita que é “um bom momento” para delimitar ali uma área de proteção e paz. “É importante para a pesquisa científica, que é uma atividade pacífica e para benefício da humanidade”, enfatizou. Sobre o acompanhamento, acredita que as novas tecnologias permitirão um controle e até um programa de pesquisa realizado à distância.
“Não é preciso dispor o tempo todo de embarcações ou helicópteros, pois temos satélites, inclusive um argentino, o SAC-D Aquarius, com sensores remotos projetados especialmente para obter dados marinhos”, ressaltou. Por essa razão, a partir de agora deve-se incentivar a comunidade científica a se preparar para baixar esta informação e ter acesso a conhecimentos que permitam a melhor preservação dessa afastada área oceânica. Envolverde/IPS
Fonte: http://envolverde.com.br/ips/inter-press-service-reportagens/areas-protegidas-argentinas-se-projetam-para-o-mar/
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Fotógrafo flagra baleias jubarte se alimentando na Noruega
Fotos aqui: http://noticias.uol.com.br/ciencia/album/bbc/2012/12/12/fotografo-flagra-baleias-jubarte-se-alimentando-na-noruega.htm
Usina de Belo Monte pode resultar em prejuízo ambiental de R$ 1 bilhão
A construção da usina de Belo Monte, no Pará, constantemente é paralisada devido à falta de ações para redução dos impactos ambientais, as preocupações se agravam pelo prejuízo que o país terá que arcar ao instalar a nova hidrelétrica.
O custo total de um bilhão de reais foi estimado em um estudo do professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP), Wilson Cabral de Sousa Júnior. Ele é especialista em análise de impactos ambientais e atribui o alto investimento aos danos causados pela obra.
Alguns dos gastos previstos serão com a perda da qualidade da água, da atividade pesqueira tradicional e ornamental, prejuízos com turismo e o custo da emissão de CO2 e de metano na atmosfera.
O estudo do professor foi entregue no 6º Encontro do Fórum Amazônia Sustentável, em forma de relatório intitulado "O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21: Oportunidades e Desafios".
Para fins comparativos, o valor de um bilhão de reais é o mesmo gasto pelo Ministério da Educação com assistência aos estudantes de universidades federais nos últimos cinco anos. O prejuízo pode ser ainda maior. “Ele está correto para as premissas da análise, porém o custo socioambiental pode ser muito maior a partir de valores que não calculamos", afirmou o pesquisador. Há perdas também irreparáveis e incalculáveis para o meio ambiente.
O consórcio Norte Energia, responsável pela usina, foi procurado pelo G1 para comentar o assunto, porém negou-se a falar sobre o estudo, uma vez que desconhece os parâmetros e métodos utilizados. Mas, afirmou que serão investidos 3,2 bilhões para compensação dos impactos sociais, econômicos e ambientais. Com informações do G1.
Fonte: http://ciclovivo.com.br/noticia/usina-de-belo-monte-pode-resultar-em-prejuizo-ambiental-de-r$-1-bilhao
Fotógrafo documenta vida selvagem do Ártico remoto
O fotógrafo britânico Danny Green passou oito anos documentando a vida selvagem e as paisagens das regiões árticas e subárticas do norte da Europa, em imagens que foram agrupadas no livro "The Long Journey North" (A longa jornada ao norte, em tradução livre).
Green conta que sua atividade favorita é "trabalhar em locais remotos e superar o desafio de capturar a paisagem e os animais que vivem ali".
Entre as espécies que mais admira está o papagaio-do-mar. "É difícil fotografá-los enquanto voam, porque eles são rápidos. Mas gosto muito de seu olhar e do fato de que eles parecem um pouco instáveis."
Green também aprecia colônias de pássaros marinhos, como a de andorinhas do Ártico. "É incrível a sensação de estar sozinho em uma ilha, mas com milhares de pássaros lhe fazendo companhia."
Suas fotos podem ser vistas no site www.dannygreenphotography.com.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2012/12/121206_galeria_vida_artico_pai.shtml
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Menos gasolina, mais praias
Na semana passada aproveitei uma folga em um curso que estava dando em Boa Vista-Roraima, para ir conhecer um país de misses e praias de azul caribenho. Infelizmente em um dia na Venezuela não deu para conhecer nenhuma praia e muito menos alguma miss na divisa do Brasil com o distante estado de Bolivar, ao sul.
Como seria o mundo se a gasolina custasse R$ 0,06?
As filas para abastecer cruzavam a fronteira e entravam Brasil adentro. A Venezuela é um laboratório interessante sobre como os benefícios da vida moderna só podem mesmo ser para poucos. Se todos forem andar de carro, termina que ninguém anda. Se todos queimassem carbono, estaríamos muito mais queimados que já estamos.
Ao redor do mundo, o preço do combustível nunca cobre a totalidade dos custos (em especial os ambientais). Se o combustível incluísse, por exemplo, o custo de manter ruas e estradas adicionais para esta infinidade de automóveis, a gasolina custaria ainda mais que na Noruega (R$ 3,43/l), o único pais produtor que destina os lucros para educação.
É por isso, alias, que COP atrás de COP e nada se decide. Ninguém quer colocar a mão no bolso e pagar pela conta da limpeza. É como se você fosse a um restaurante e pagasse só a comida, deixando de lado a lavagem dos pratos e limpeza da cozinha.
A dependência exagerada de um país em um único e caro produto de exportação já é um problema em si porque valoriza a moeda, e isto complica a produção interna. Os Economistas chamam isto de doença holandesa. No caso do Venezuela também se criou uma dependência generalizada da queima do petróleo, ficando refém desta idéia poluidora e ultrapassada.
Ao sul da fronteira com a Venezuela o combustível é ainda mais caro que no resto do pais. O alto preço do combustível em nosso pais, se não trouxe a educação e a saúde que gostaríamos, ao menos trouxe uma cultura de uso eficiente da gasolina. Nossos carros diminuíram e usam bastante álcool. Todos gostaríamos de haver mais transporte público. Já pensou como seria se o combustível fosse barato ?
A falta de recursos naturais pode ser degradante, humilhante até, mas estimula o uso racional de recursos. A intensa economia de recursos da agricultura asiática ancestral, por exemplo, fez com que centenas de milhões de pessoas vivessem por séculos em uma região com falta crônica de água, sem florestas e com solos bastante rasos.
O caminho que a Venezuela está trilhando é perigoso e seria bom que mudasse para que o mundo não perca um lindo país cheio de misses, praias caribenhas e tepuys.
Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Também ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva. É professor visitante da UFPR, PUC-PR, UNEB - Paulo Afonso e Duke - EUA
Fonte: http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/
Enviado pelo Dr. Danilo Boscolo
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Desmatamento amazônico polui mais que automóveis
Uma pesquisa feita pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostrou que as emissões de gases de efeito estufa geradas pelo desmatamento da floresta amazônica superar os níveis de poluição gerados por carros em todo o território nacional.
Mesmo que dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontem para uma redução de 27% no desmatamento amazônico, as consequências da derrubada das florestas ainda é muito alta. De acordo com o estudo, liderado pelo pesquisados Paulo Barreto, entre agosto de 2011 e julho de 2012 foram emitidas 245,3 milhões de toneladas de gás carbônico, somente pela depredação ambiental. Em contrapartida, os carros, considerando veículos leves e de passeio, foram responsáveis pelas emissões de 121,6 milhões de toneladas.
A discrepância pode ser ainda maior, já que o pesquisador informa ter usado como referência a quantidade de carros calculada pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), considerando que todos os 41,9 milhões de veículos registrados sejam movidos à gasolina. No entanto, atualmente existem muitos automóveis que rodam com etanol, um combustível menos poluente que a gasolina.
A média de árvores derrubadas da Amazônia no período de um ano foi de 232,8 milhões. Para o pesquisador, mesmo que isso represente uma redução, em comparação a períodos anteriores, os dados ainda são muito altos e representam perigo para a qualidade do ar e também para a biodiversidade local. Diversas espécies foram afetadas por este desmatamento, principalmente aves e macacos.
Para reverter este quadro o Barreto cobra o desenvolvimento de políticas de proteção e o aumento na fiscalização, principalmente em áreas de conservação e reservas indígenas, também é necessário aumentar a rigidez da punição. Com informações do Globo Natureza.
Redação CicloVivo
Foto: http://www.ciclovivo.com.br/noticia/desmatamento-amazonico-polui-mais-que-automoveis
Complexo do Tapajós: Arquitetura da destruição
Quando decidiu encarar de carro os 3.338 quilômetros que separam o Rio de Janeiro do município de Itaituba, no oeste do Pará, o geólogo Juan Doblas – especialista em imagens de satélite – nem imaginava que daria uma contribuição e tanto à biologia da Amazônia. Enquanto dirigia pelo trecho da BR 163 que atravessa o Parque Nacional do Jamanxim, uma das doze unidades federais de conservação ambiental que protegem essa parte da floresta alimentada pela bacia do rio Tapajós, ele se deparou com uma macaca que, atordoada pelo barulho do automóvel, abandonou em plena estrada o filhote que carregava.
Depois de deixar o pequeno animal em uma árvore, permitindo que ele fosse resgatado pela mãe, Doblas resolveu filmar e tirar fotos do reencontro. "Quando cheguei a Itaituba, mostrei as imagens para um amigo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) especialista em macacos", conta o geólogo. A surpresa de ambos não poderia ser maior.
Tratava-se de uma espécie em perigo, típica do estado do Amazonas, mas que, supõe-se, havia se deslocado para essa parte do Pará justamente por encontrar na floresta intocada do Tapajós um verdadeiro refúgio. "Foi um fato casual que mostrou dados completamente novos sobre a distribuição de espécies em extinção na Amazônia", explica Doblas, que trabalha com geoprocessamento no Instituto Socioambiental (ISA), uma das principais organizações ambientalistas do país.
O geólogo narra esse episódio justamente para ilustrar a incrível – mas, em boa parte, desconhecida – biodiversidade que pode ser duramente golpeada pela construção de um complexo de hidrelétricas nos rios Tapajós e no seu afluente Jamanxim. O potencial levantado para essa bacia hidrográfica localizada no oeste do Pará comporta até sete usinas capazes de produzir no total cerca de 14 mil Megawatts (MW) – potência equivalente à da binacional Itaipu.
De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia 2021, documento produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), ao menos duas delas devem entrar em funcionamento até o final desta década: São Luiz do Tapajós e Jatobá.
Se efetivamente sair do papel, o complexo hidrelétrico pode trazer impactos ambientais inimagináveis para os 850 quilômetros de águas de tons azuis e verdes do Tapajós, guarnecido por dezenas de reservas florestais e terras indígenas. Sem sombra de dúvida, trata-se de uma das mais belas partes da Amazônia. Tanto é assim que um dos destinos turísticos mais conhecidos da floresta, as paradisíacas praias de Alter do Chão, ficam no município de Santarém, na foz do rio.
Como nem poderia deixar de ser, a construção desse conjunto de hidrelétricas não vai acarretar problemas apenas ao meio ambiente. Segundo a Eletronorte, subsidiária da estatal Eletrobras responsável pelo inventário das informações acerca das usinas do Tapajós, pelo menos 2,3 mil pessoas de 32 comunidades ribeirinhas serão diretamente afetadas se os sete empreendimentos forem levados a cabo. Outras 16 aldeias indígenas da etnia munduruku também terão parte de seus territórios inundada pelos reservatórios que serão formados pelas barragens.
Das usinas previstas no complexo hidrelétrico, duas delas – São Luiz do Tapajós e Jatobá, ambas no rio Tapajós – já tiveram seu processo de licenciamento ambiental iniciado no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Por enquanto, o custo das duas é estimado em R$ 23 bilhões, com verba carimbada pela segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
São Luiz do Tapajós, a maior do complexo, com capacidade para 6.133 MW, é a que está em fase mais adiantada. A obra mexe em um cenário tão delicado que, mesmo antes de ser concluído seu Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), já vem provocando uma verdadeira batalha nos tribunais. No último mês de novembro, a Justiça Federal suspendeu, em primeira instância, o licenciamento da hidrelétrica por conta de uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) de Santarém (PA).
"O pedido de suspensão se baseia em dois motivos. Em primeiro lugar, não foi realizada uma avaliação ambiental integrada. É preciso analisar o impacto conjunto de todas as usinas previstas para a bacia do Tapajós, e não o de apenas uma delas isoladamente", explica Fernando Antônio Oliveira Júnior, procurador do MPF. "Além disso, não foi feita uma consulta prévia às populações indígenas que vão ser afetadas pelos empreendimentos. Essa consulta tem que ser anterior a qualquer tipo de autorização."
O Tapajós é considerado a última grande fronteira energética da Amazônia. Por enquanto, é o único dos quatro grandes afluentes da margem direita do Amazonas que não foi represado para a produção de eletricidade em larga escala. Na década de 1970, os militares barraram o rio Tocantins para fazer a usina de Tucuruí, aquela que hoje é segunda maior hidrelétrica do Brasil em funcionamento, atrás apenas de Itaipu. Com a chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto e a criação do PAC, foram erguidas Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, além de Belo Monte, no Xingu.
"Os governos de Lula e de Dilma Roussef estão decididos a transformar o Brasil na terceira maior economia do mundo à custa da nossa floresta", critica o Padre Edilberto Silva, do Movimento Tapajós Vivo, fórum que reúne diversas organizações de defesa do meio ambiente e dos direitos das populações locais.
Por encomenda da ONG Conservação Internacional, Wilson Cabral, pesquisador e professor do Instituto de Tecnologia de Aeronáutica (ITA), está produzindo um estudo que calcula, na ponta do lápis, os reais custos econômicos, sociais e ambientais envolvidos na construção das usinas do Tapajós.
Em 2010, o professor produziu uma pesquisa semelhante sobre Belo Monte e concluiu que o empreendimento tinha mais de 90% de chance de inviabilidade. Segundo as complexas fórmulas matemáticas utilizadas pelo professor, o valor do prejuízo variava em um intervalo de US$ 7 milhões a US$ 8 bilhões.
O novo estudo está em fase final e deve ser divulgado no começo de 2013. Por essa razão, ele evita falar de valores. Mas, ao que tudo indica, o Tapajós segue a mesma trilha de Belo Monte. "A análise está apontando inviabilidade para todas as usinas e, consequentemente, para todo o complexo", afirma Cabral. "Não é preciso empreender hidrelétricas no Tapajós para atender a demanda energética brasileira, desde que se invista em outras fontes e também se trabalhe a eficiência do consumo da energia que já é produzida."
Arquitetura da destruição
Para acelerar o licenciamento das duas primeiras usinas do complexo, São Luiz do Tapajós e Jatobá, o governo federal precisou recorrer a um verdadeiro malabarismo legal. Em janeiro, a presidente Dilma Roussef editou a Medida Provisória 558, convertida em lei no mês de junho, pela qual reduziu as áreas de cinco Unidades de Conservação (UCs) ambiental na entorno do rio Tapajós.
Em uma canetada, 75 mil hectares de florestas intocadas – que podem ser inundados com a formação dos lagos artificias das duas barragens – ficaram sem proteção do dia para noite. O governo argumenta que, sem essa medida, seria impossível iniciar o processo de licenciamento ambiental no Ibama.
À primeira vista, a área "desafetada", como se diz tecnicamente, parece não ser tão expressiva assim. Tanto é que o governo se defende das críticas argumentando que, para a construção das usinas de São Luiz do Tapajós e Jatobá, apenas 2% da dimensão total das reservas vão de fato para baixo d'água. Mas, neste caso, vale o popular ditado de que tamanho não é documento. "A parte que será afetada nas unidades de conservação é o coração, a parte mais importante das reservas, justamente por conta da proximidade com o rio", explica Juan Doblas, do ISA.
A Medida Provisória posteriormente convertida em lei provocou uma celeuma no ICMBio, responsável pela gestão das reservas ambientais do Brasil. Em julho, técnicos do órgão federal lotados no escritório de Itaituba, responsáveis por 12 unidades de conservação na bacia do Tapajós, lançaram um manifesto público criticando duramente não só a decisão do governo federal de reduzir a área de proteção ambiental, mas sobretudo a forma atropelada com que ela foi tomada.
"Os registros feitos até o momento apontam altíssima biodiversidade, com considerável taxa de endemismo e grande representatividade de espécies ameaçadas de extinção", diz o documento. "Do ponto de vista da legalidade, denunciamos a desafetação das unidades realizada primeiramente por medida provisória com objetivo único de dar celeridade ao processo em detrimento da realização de estudos comprometidos com a destinação original dessas áreas: proteção e conservação da biodiversidade."
O MPF também está questionando judicialmente a via legal utilizada pelo governo federal para reduzir a área das UCs na bacia do Tapajós, através de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI). "O principal aspecto é formal", explica o procurador Felipe Bogado. "A área de uma Unidade de Conservação não pode ser reduzida por meio de uma lei complementar que substitui uma Medida Provisória, como fez o governo", acrescenta. Até o momento, o Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa o processo, não se pronunciou sobre o caso.
Tragédia anunciada, o simples anúncio da redução das áreas de preservação disparou automaticamente o gatilho da degradação dessa parte da Amazônia. "A região aqui é rica em minérios. Com a desafetação das áreas, está ocorrendo um aumento de pressão sobre a floresta, principalmente nessas áreas que não fazem mais parte das unidades de conservação", explica Nilton Rascon, analista ambiental do ICMBio.
O crescimento da atividade de garimpos irregulares é perceptível a qualquer um que viaje pelo rio. No trecho de 400 quilômetros do Tapajós entre os municípios de Itaituba e Jacareacanga havia, até janeiro, cinco barcaças – chamadas de "escariantes" – fazendo garimpo diretamente no leito do rio. Com a desafetação das unidades de conservação, esse número pulou para impressionantes 35, em poucos meses deste ano. "O ICMBio precisa de mais fiscais na região. Ainda vêm muitos analistas de fora, de outros estados, para ajudar", reconhece Rascon.
Impactos ambientais
A entrada do Parque Nacional (Parna) da Amazônia, primeira unidade de conservação desse tipo criada no país, em 1974, fica a pouco mais de uma hora de carro do centro de Itaituba. Para chegar até lá, é preciso encarar trechos de asfalto e de terra batida da BR 230, mais conhecida como Transamazônica, um dos projetos emblemáticos da ditadura militar. Se a barragem de São Luiz do Tapajós for construída, uma fração de 112 quilômetros da rodovia que corta o parque também será inundada. Até o momento, porém, nenhum representante do governo federal ou da Eletrobras veio a público para explicar como será feita a cirurgia para reconectar as pontas soltas da estrada. E não é apenas uma parte da BR 230 que será alagada no Parna da Amazônia. Do principal mirante da reserva, aberto à visitação para turistas, é possível observar corredeiras formadas por um aglomerado de rochas encravado no meio do Tapajós. Digno de um cartão postal, esse trecho do rio não é protegido pelos órgãos ambientais apenas pelos seus atributos estéticos. Várias espécies de peixes aproveitam as corredeiras para fazer o épico ritual da piracema – a subida do rio necessária à sua reprodução.
Com a barragem de São Luiz do Tapajós, as corredeiras vão literalmente sumir do mapa, e a piracema será inviabilizada, trazendo consequências imprevisíveis. "A solução técnica é construir um tipo de escada para ajudar os peixes a subir o rio", explica o biólogo Javan Lopes, servidor do ICMBio. "Porém, o ambiente da corredeira tem muito mais oxigênio. Então, mesmo que se construa a escada, os peixes podem morrer porque o oxigênio disponível na água diminui", completa. Os técnicos do ICMBio não descartam uma verdadeira hecatombe ambiental: 90% das 400 espécies de peixes catalogadas no parque podem não resistir.
Nos últimos quatro anos, os gestores do Parna da Amazônia trabalharam continuamente no plano de manejo da unidade de conservação – levantamento meticuloso da fauna e da flora que, com a redução da área da reserva, será jogado literalmente na lata do lixo. Até o presente momento, foram registradas 390 espécies diferentes de aves. Entre os mamíferos catalogados, há animais que correm sério risco de extinção, como a onça-pintada, a onça-vermelha, o tamanduá-bandeira e a jaguatirica.
O destino de tamanha diversidade natural é objeto do EIA/Rima da usina de São Luiz do Tapajós, ainda em andamento. A estimativa inicial era que o estudo ficasse pronto até o final deste ano, já que o governo tinha planos de licitar a construção da hidrelétrica em 2013. Quando for finalizado, o documento vai possibilitar análises científicas mais refinadas sobre os impactos ambientais que podem de fato ocorrer. Mas o cronograma dificilmente será cumprido – ainda mais com a decisão judicial de novembro que suspendeu o licenciamento até que se realize uma avaliação integrada dos impactos gerados por todas as sete usinas previstas para os rios Tapajós e Jamanxim.
Não há dúvidas de que o complexo hidrelétrico vai reconfigurar a compleição natural do oeste do Pará. "Foram necessários milhares de anos para a criação de um equilíbrio ecológico entre as espécies, como a tartaruga e o tucunaré, que depende da subida e da descida dos rios", explica Juan Doblas. "Essas barragens vão alterar completamente os ciclos de cheia e de seca não só dos rios Tapajós e Jamanxim, mas de toda a rede hidrográfica associada."
Para entender como o fluxo do Tapajós se altera ao longo do ano, por exemplo, basta ir a Itaituba em duas épocas diferentes. A orla da cidade chega a alagar no período de cheia, que coincide com as chuvas do primeiro trimestre. Porém, na época da seca, intensificada a partir do segundo semestre, aparecem muitas praias nas margens do rio.
Os impactos ambientais provocados pelas usinas do Tapajós podem ser mais graves até do que os gerados por Belo Monte – isso, claro, se o Estado brasileiro mantiver sua palavra e não construir novas usinas no Xingu. Uma breve comparação fornece pistas do que está por vir: o lago artificial a ser formado com a barragem do rio Xingu no município de Altamira terá 510 quilômetros quadrados. Só na barragem de São Luiz do Tapajós, serão alagados 722 quilômetros quadrados – metade da área do município de São Paulo. No Xingu, o trecho do rio a ser barrado terá 200 quilômetros de comprimento. No Tapajós, será duas vezes e meia maior. O Jamanxim, com três usinas, vai se converter numa sucessão de lagoas.
Outra pulga atrás da orelha dos ambientalistas diz respeito à relação entre o barrento rio Amazonas e o esverdeado Tapajós, que se encontram – mas não se misturam – no município de Santarém. A preocupação é com uma possível invasão das águas do Amazonas sobre as do Tapajós, o que significaria a ruína turística do balneário de Alter do Chão, por exemplo. "Se eu falar isso para um engenheiro da Eletrobras, ele vai rir na minha cara", afirma Doblas. "Mas eu tenho questionado doutores em hidrologia, e eles me disseram que essa possibilidade tem que ser estudada. É preciso fazer um modelo no computador. É provável que isso aconteça? Acho que não. É possível? Sim."
É justamente para dirimir essas dúvidas – e separar o que é mera especulação do que é risco de fato – que o Ministério Público Federal acionou a Justiça para cobrar a realização de uma Avaliação Ambiental Integrada (AAI) e de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) dos impactos gerados por todas as usinas previstas no complexo hidrelétrico, e não apenas por São Luiz do Tapajós. "É uma postura preventiva do MPF. Queremos apenas que os marcos legais sejam respeitados", explica o procurador Fernando Antônio Oliveira Júnior.
Por meio de nota emitida por sua assessoria de imprensa, a Eletrobras – empreendedora das usinas de São Luiz do Tapajós e de Jatobá – sustenta que a avaliação ambiental integrada "não é exigência legal para emissão das licenças ambientais". A nota afirma também que a metodologia da AAI foi construída após a conclusão dos estudos do inventário do potencial hidrelétrico de toda a bacia do Tapajós.
Em outras palavras, a estatal argumenta que não havia obrigatoriedade de proceder a essa avaliação integrada na época em que fez o inventário das usinas. Por fim, a nota informa que a empresa está contratando uma equipe para fazer a AAI, que fará parte "do conjunto de estudos para a viabilidade de São Luiz do Tapajós e Jatobá, o que demonstra o comprometimento dos mesmos com as melhores práticas ambientais".
A Aneel também se manifestou por meio de nota emitida pela assessoria de imprensa. A agência defende a construção das usinas no Tapajós, com a justificativa de que a hidroeletricidade tem "muito menos impacto ambiental" que outra fontes térmicas à base de combustíveis fósseis.
O documento afirma ainda que "o licenciamento é o principal movimento para a resolução de conflitos socioambientais, tendo em vista que a elaboração do EIA/Rima e a realização de audiências públicas possibilitam o estabelecimento de condicionantes pelos órgãos ambientais".
Energia para quem
Nos hotéis e restaurantes do centro de Itaituba ou nos trechos mais recônditos da floresta do entorno do Tapajós, é possível dar de cara com caminhonetes e técnicos de camisa polo azul a serviço da CNEC Engenharia. A empresa é a responsável pela realização dos estudos de viabilidade e do projeto técnico da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, mas também operou nas usinas de Belo Monte, no rio Xingu, e de Estreito, no rio Tocantins, além de diversos outros empreendimentos de porte na Amazônia.
Até janeiro de 2010, a CNEC – fundada em 1959 por engenheiros da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) – constituía o braço intelectual, por assim dizer, de uma das maiores empreiteiras do país: a Camargo Corrêa, responsável por algumas das obras de envergadura do PAC, como a hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira. Quase três anos atrás, porém, a empresa foi vendida por R$ 170 milhões para o grupo australiano WorleyParsons, uma das mais conhecidas consultorias de energia em todo o mundo.
Foram justamente os engenheiros da CNEC que, na década de 1980, mapearam os projetos de construção de usinas no rio Tapajós – e em quase todos os afluentes do rio Amazonas. Era ela quem municiava de informações e pareceres técnicos a Eletronorte, subsidiária da estatal Eletrobras responsável pelo aproveitamento do potencial hidrelétrico da região norte do país, desde o regime militar. "Naquela época, eu brincava dizendo que a Eletronorte era um escritório da Camargo Corrêa", conta Arsênio Oswaldo Sevá Filho, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e grande conhecedor do sistema elétrico nacional.
A CNEC é o elo técnico do "cartel barrageiro" que, segundo o professor Sevá, se instalou no Brasil na época da ditadura e, desde então, não mais arredou pé do país, pressionando os governos brasileiros ao longo do tempo para a construção de grandes hidrelétricas. Nesse clube restritíssimo, figuram as principais empreiteiras brasileiras, que rateiam entre si o bolo das obras de construção civil – elas são apelidadas de "cinco irmãs" e congregam Camargo Corrêa, Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão.
Também participam do grupo as corporações internacionais que fornecem equipamentos de alta tecnologia para as usinas, como a alemã Siemens e a japonesa Toshiba. Fecham a sociedade as grandes mineradoras que não apenas consomem – mas também vendem – a energia produzida nos rios amazônicos, como a Vale e norteamericana Alcoa, por exemplo.
"Estamos oferecendo à indústria internacional a continuidade dos negócios a longo prazo e a custo baixo", analisa Sevá. "O governo brasileiro libera as licenças, mesmo que se destruam o meio ambiente e a vida das populações locais. Depois, garante o custo baixo da mão-de-obra e, principalmente, do dinheiro necessário às obras, porque coloca as empresas estatais, os fundos de pensão e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para alavancar o negócio."
A usina de Belo Monte é o exemplo mais bem acabado desse fenômeno. Só o grupo Eletrobras e os fundos de pensão dos funcionários da Petrobras (Petros) e da Caixa Econômica Federal (Funcef) respondem, atualmente, por 70% da composição acionária do consórcio construtor da barragem. Em outras palavras, os riscos e os altíssimos investimentos inerentes à obra fizeram a iniciativa privada passar longe.
Para bancar o prejuízo, o governo tem aberto as torneiras do BNDES. Na última semana de novembro de 2012, o banco anunciou o maior financiamento de toda a sua história para a conclusão das obras da usina: R$ 22,5 bilhões a serem pagos em três décadas. Antes dessa operação, porém, o BNDES já havia feito empréstimos-ponte (de curto prazo) de R$ 2,9 bilhões para o consórcio construtor da hidrelétrica.
"O custo de produzir hidrelétrica na Amazônia é muito alto e incerto", afirma Wilson Cabral, do ITA. "Todos os projetos geraram aditivos contratuais da ordem de pelo menos 25%", alerta. No caso do Tapajós, a engenharia financeira para viabilizar a obra ainda não está traçada – até porque os R$ 23 bilhões previstos para as usinas de São Luiz do Tapajós e Jatobá no orçamento do PAC 2 não passam de estimativas. Mas, assim como aconteceu nas usinas dos rios Madeira e Xingu, não há dúvidas de que o tripé formado por Eletrobras, fundos de pensão e BNDES deve entrar na jogada.
Tampouco está decidido o futuro da eletricidade a ser gerada. Na página 80 do Plano Decenal de Expansão de Energia 2020, é possível ler com todas as letras que ela servirá integralmente para alimentar a demanda das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Porém, não é demais lembrar que o Pará concentra a maior província mineral do planeta. Além do ouro, que hoje é explorado em mais de 2 mil garimpos ao longo do rio Tapajós, as novas usinas devem consolidar o estado como um grande polo de alumínio.
Atualmente, existem quatro grandes projetos de extração e beneficiamento de bauxita no Pará, envolvendo gigantes como as brasileiras Vale e Votorantim, a norteamericana Alcoa e a norueguesa Hydro. Uma das principais reclamações dessas indústrias – chamadas de eletrointensivas, por consumirem eletricidade em larga escala – é o preço da energia. O complexo hidrelétrico do Tapajós é uma dos caminhos para baratear os custos. "Os grupos que estão por trás, apoiando inclusive financeiramente a construção das usinas, são empresas de exploração de commodities minerais. Então, esses empreendimentos não vão equalizar a demanda de energia para o Sudeste. Eles são para empresas que estão se assentando na região Norte", finaliza Cabral.
* Esse artigo é publicado em parceria com a Pública, onde foi originalmente veiculado.
Fonte: http://www.oeco.com.br/reportagens/26746-complexo-do-tapajos-arquitetura-da-destruicao
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Ocupação humana ameaça o rei da selvas
Manaus, AM – O reino do leão está encolhendo, e muito. O aumento da população humana e as consequentes mudanças na paisagem da savana africana já reduziram em 75% o habitat natural do leão e têm devastado o animal no continente. Pesquisadores da organização não-governamental Panthera e da Universidade Duke, dos Estados Unidos, estimam que a população de leões tenha decaído 68% nos últimos 50 anos. De um número estimado em 100 mil animais na década de 60, ainda restariam 32 mil nos dias de hoje.
Foram usadas imagens do Google Earth de alta resolução para analisar o habitat do leão em toda África e também dados sobre a densidade de população humana, para identificar áreas adequados para o leão viver. O estudo foi publicado no início de dezembro no periódico científico Biodiversity and Conservation e apresenta dados, no mínimo, preocupantes em relação ao rei da selva.
Foram encontradas apenas 67 regiões isoladas em todo o continente, onde populações significativas do felino podem persistir. E apenas 15 dessas áreas são suficientes para manter uma população de pelo menos 500 leões. “A realidade é que a partir de uma área um terço maior do que os Estados Unidos continentais, apenas 25% permanece”, afirma diretor de Conservação da Universidade Duke, Stuart Pimm.
A população deles ainda é grande, mas está ameaçada em vários lugares, principalmente na África Ocidental e Central, onde países nem sempre recebem incentivos diretos para protegê-los. De acordo com o estudo, 24 mil leões vivem em apenas 10 redutos, nenhum deles em países da África Ocidental. A Tanzânia é o país com maior número de leões, com 40% da população total. Mas há risco a longo prazo para boa parte das grandes populações ainda encontradas. Além disso, o estudo demonstra que há extinção local de leões até mesmo em áreas protegidas.
“Os governos da África Ocidental vão necessitar de ajuda externa significativa na estabilização de populações remanescentes até que os esforços de conservação sustentáveis locais possam ser desenvolvidos”, afirma o coordenador de Pesquisa do Programa Leão da ong Panthera, Philipp Hensche. A organização é uma colaboradora científica da Iniciativa Grandes Gatos da National Geographics Society, que atua em favor dos grandes felinos.
Fonte: http://www.oeco.com.br/noticias/26742-ocupacao-humana-ameaca-o-rei-da-selvas
Sueco desenvolve plataforma flutuante abastecida por energia solar
Especializado em projetos de obras sustentáveis, o escritório Kenjo construiu, na Suécia, uma plataforma flutuante movida a energia solar. A cabine possui placas fotovoltaicas no telhado e um sistema de acesso à água potável.
Tudo começou num seriado de arquitetura veiculado em um canal sueco: os irmãos Sandell, participantes do programa, decidiram aumentar o tamanho da casa em que vivem, localizada às margens de um lago em Muskö, na Suécia. O objetivo da dupla era aproveitar ao máximo a interação do lar com a natureza, além de aumentar o espaço da residência.
O projeto, elaborado pelo escritório de arquitetura Kenjo, ganhou destaque por explorar recursos simples e sustentáveis: a estrutura tem uma cabine posicionada sobre uma plataforma, que se desloca pelo lago, utilizando, como combustível, a energia produzida pelos painéis fotovoltaicos instalados em seu telhado. Além disso, os raios de sol também abastecem a iluminação e o sistema de som da casa flutuante.
Não apenas o circuito elétrico da plataforma flutuante é sustentável, como também os materiais utilizados na construção da estrutura. Para erguer as paredes da casa da família Sandell, os arquitetos apostaram em uma madeira extraída de uma árvore local, que, segundo eles, é um recurso renovável. A cabine flutuante também conta com janelas de energia eficiente, responsáveis pelo aproveitamento máximo da luz solar no espaço interno da estrutura.
O interior da cabine desenvolvida pelos arquitetos é baseado em uma sala de estar, com móveis simples e iluminação em LED. Na parte externa da plataforma, foram instaladas cadeiras, almofadas e vasos de plantas, além de uma escada para os mais corajosos, que se aventurarem a dar um mergulho no gelado lago sueco. Com informações do InHabitat.
Redação CicloVivo
Fonte: http://www.ciclovivo.com.br/noticia.php/5971/sueco_desenvolve_plataforma_flutuante_abastecida_por_energia_solar/
Árvores mais velhas do planeta podem desaparecer, afirma estudo
O número de árvores antigas que estão desaparecendo no mundo é alarmante, afirmam cientistas norte-americanos e australianos. A conclusão é parte de um estudo publicado pela revista científica Science.
De acordo com a pesquisa, em todas as partes do mundo as maiores e mais velhas árvores estão ameaçadas de desaparecer. Para impedir que isso ocorra, é preciso investir em políticas de preservação. "É um problema mundial que ocorre em quase todos os tipos de florestas", afirma David Lindenmayer da Universidade Nacional da Austrália, líder do programa de pesquisa.
O estudo indica que as vegetações estão tão vulneráveis quanto a extinção de alguns animais. "Da mesma forma que os grandes animais, como os elefantes, os tigres ou os cetáceos, cuja população está em forte declínio, uma série de indícios mostra que estas árvores correm o mesmo risco", ressalta a pesquisa.
A pesquisa foi realizada com colegas de Lindenmayer da Universidade James Cook da Austrália e da Universidade de Washington nos Estados Unidos. Juntos eles notaram o desaparecimento de grandes árvores entre com entre cem e 300 anos de idade em partes da Europa, Américas do Norte e do Sul, África, Ásia e Austrália.
"Estamos falando do desaparecimento dos maiores organismos vivos do planeta e de organismos que têm um papel determinante na regulação da riqueza de nosso mundo. A tendência é, de fato, muito preocupante", declarou Bill Laurance, da Universidade James Cook.
As principais causas são uma combinação de fatores, como incêndios florestais, aquecimento climático, o desmatamento e a necessidade de terras agrícolas. O fenômeno influencia na vida de aves e animais, no desenvolvimento de um grande número de organismos, além do ciclo hidrológico. Entre as espécies mais ameaçadas estão as sorveiras da Austrália, os pinhos dos Estados Unidos, as sequoias da Califórnia e os baobás da Tanzânia.Com informações do iG.
Redação CicloVivo
Fonte: http://www.ciclovivo.com.br/noticia.php/5974/arvores_mais_velhas_do_planeta_podem_desaparecer_afirma_estudo/http://www.ciclovivo.com.br/noticia.php/5974/arvores_mais_velhas_do_planeta_podem_desaparecer_afirma_estudo/
Cafeicultores ajudam na preservação de floresta no Peru
Alguns troncos, jogados por ai no meio de uma trilha que sobe pela montanha carregada de vegetação, tentam bloquear a rota, mas ao mesmo tempo abrem a história tormentosa deste ecossistema. Estamos em Águas Verdes, perto do Bosque de Proteção Alto Mayo, no nordeste do Peru, onde o desmatamento ainda se esconde.
Essas árvores foram derrubadas com objetivos nada santos, esmagando a lei natural e também a oficial. Estão ali, sangrando, para que alguns invasores da área plantem café sem medida nem clemência, sem pôr nem uma colher de esperança ao entorno. Mas um pouco mais acima da montanha, começa a haver um aroma diferente, conforme relatos do agricultor Segundo Guevara.
O que mudou aqui, nesta parte alta, aonde chegamos suados logo de quase arranhar a ladeira e o barro? Guevara é a cabeça de uma das 240 famílias produtoras de café que, de certo modo, aceitaram sua culpa invasora e ao mesmo tempo buscaram uma solução: assumir um “Acordo de Conservação” para não continuar destruindo árvores sem piedade.
Este acordo, promovido pela ONG Conservação Internacional, é assinado voluntariamente com a administração do Bosque Alto Mayo, e implica uma série de benefícios e também compromissos. É uma forma de neutralizar a degradação desta área protegida, criada em 1987 em um território de 182 mil hectares cheios de espécies como as madeiras mogno e cedrorama.
Também encontramos alucinantes orquídeas, que vivem escondidas nas ramas da floresta nublada. “Agora eu cuido essas árvores e meu café é melhor”, conta Guevara no meio de uma tarde ensolarada, apesar de alguns indícios de chuva. Sua conversão, de simples invasor para agricultor conservacionista, está ligada a um vantajoso “pacote técnico”.
Como explica Máximo Arcos, engenheiro da Associação de Ecossistemas Andinos - uma das organizações que colabora no projeto - se trata de dar aos produtores de café uma série de instrumentos que lhes permitam continuar cultivando café. Mas que, ao final, funcionam “a favor do Alto Mayo”.
O pacote implica, por exemplo, uma contínua presença de técnicos que assessoram Guevara para a poda do café no momento adequado (para evitar que a planta se esgote cedo), para não usar herbicidas, e para que busque alianças com espécies de árvores nativas, através da agroecologia. Tudo isso para que, em total, não emigre em busca de mais floresta para derrubar.
Não é uma situação ideal, mas dada a carência – durante anos – de guarda-parques que pudessem frear a invasão desta área protegida, aparece como uma solução viável. Existem quase três mil famílias que moram dentro do Bosque de Proteção Alto Mayo, cultivando especialmente café, e ocupando o lugar de árvores que eles mesmos derrubaram. Mas 240 dessas famílias estão se reinventando.
A família de Segundo Guevara é uma delas: eles já não se mudam em busca de lugares para desmatar e plantar, e até foram beneficiados economicamente. De um hectare de café, graças ao pacote técnico, eles podem tirar até 50 sacos de 46 quilos (quintais) de café, que serão vendidos por pelo menos R$ 200 cada um.
O café, além disso, é o produto estrela da região peruana de San Martín. A produção, de acordo com o economista Dennis Pereyra, em declarações à agência Inforegión do Peru, pulou de 3.996 toneladas em 1995 para 48.548 toneladas em 2009. Grande parte é “café orgânico”, que se exporta à Bélgica, Alemanha e Estados Unidos, de acordo com a Gerência de Desenvolvimento Econômico do governo de San Martín.
Em toda a região são 27 mil as famílias que cultivam café, embora não todas o façam na lógica ambiental. Levando em conta que o 75% da mencionada região corresponde a áreas protegidas, a iniciativa de Conservação Internacional procura que não só o Bosque de Alto Mayo, mas todas as extensões de bosque possam alcançar padrões conservacionistas aceitáveis.
A região de San Martín, nos últimos anos, tem sido uma das regiões que mais se desenvolveu e reduziu a pobreza (60% em 2001, 35% em 2010, segundo o Instituto Nacional de Estadística e Informática). Mas também perdeu 230 mil hectares de florestas. O desafio parece ser o de alcançar o equilíbrio entre conservação e desenvolvimento.
De fato, ao redor de Tarapoto, a cidade mais comercial de San Martín, poucas são as manchas de bosques que ainda existem. O calor aumentou pela falta de cobertura vegetal, enquanto em outras zonas a presença de narcotráfico, e até alguns anos atrás, de grupos armados como o Movimento Revolucionário Túpac Amaru (1) provocaram impactos sociais e ambientais.
“É mais conveniente para mim agora”, diz Guevara, lembrando como migrou desde Cajamarca, vizinha região de serra. O simples feito de já não ter que se mudar em busca de sustento já é uma vantagem em custo e sofrimento, para ele. Para a floresta é um alívio porque não será mais violada; e um benefício para o Estado, às vezes incapaz de cuidar de seus ecossistemas.
Que as árvores do Bosque de Proteção Alto Mayo continuem em pé tem, finalmente, uma utilidade indispensável para a população da região San Martín. Como explica Karina Pinasco, diretora da associação Amazônicos pela Amazônia, como precisão e sabedoria humana, a cobertura vegetal “conserva a água”, e faz que o ciclo vital continue.
Se a floresta é derrubada, a água não corre, e não alimenta o solo e as vertentes da zona, incluídos os rios. A perda é para todos, seres humanos, plantas, árvores, orquídeas. Também para as 420 espécies de aves, as 50 de mamíferos, ou as nove espécies de anfíbios e répteis que existem só nesta floresta.
No final da tarde uma linda “tangara de bufanda amarilla”, ave típica da região de nome científico Iridosornis reinhardti, parece cruzar o céu da floresta, ignorante das ameaças que rodeiam ela e esta selva. Os “acordos de conservação”, entretanto, começam a emergir como uma lenta esperança que vai chegando e abrindo espaço, como esse sol que, agora silencioso, aparece entre as nuvens de Alto Mayo.
(1) O MRTA era o Movimento Revolucionário Túpac Amaru, grupo que desde 1980 realizou atos de violência armada em Peru, e que teve intensa atividade na região de San Martín.
Fonte: http://www.oeco.com.br/reportagens/26718--cafe-com-aroma-a-floresta
Desenvolvimento na Amazônia: várias incógnitas
“Tudo que se conhece sobre a Amazônia, em relação aos ciclos econômicos, não encontra parâmetros naquilo que está sendo planejado”, diz a coordenadora executiva do Instituto Socioambiental – ISA, Adriana Ramos.
Os projetos de infraestrutura e desenvolvimento previstos para a Amazônia nos próximos anos requerem uma discussão acerca do desenvolvimento das cidades e da economia regional, pontua Adriana Ramos em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone. Segundo ela, os investimentos no setor energético e de mineração na Amazônia são preocupantes por causa do alto impacto ambiental e social, os quais não contribuem efetivamente para o desenvolvimento da região. Ao propor uma reflexão sobre o modelo desenvolvimentista em curso, ela enfatiza que o “Brasil tem um papel muito importante nesse processo, não só pelos projetos na Amazônia brasileira, mas também pelo fato de que o Brasil é o principal financiador de projetos similares em outros países da Amazônia”.
Ao comentar obras como a de Belo Monte, Adriana menciona a necessidade de discutir o “desenvolvimento das cidades na Amazônia, porque a Amazônia tem uma população majoritariamente urbana, mas essa urbanização não é similar às outras regiões do país”. Segundo ela, “há uma série de deficiências de equipamentos de infraestrutura urbana nas cidades da Amazônia e uma pressão muito grande também das atividades econômicas. Então, como assegurar que a qualidade de vida das cidades e que o modelo das cidades amazônicas estejam adequados à realidade regional?”, questiona.
Na avaliação dela, “a ausência do poder público” impede a garantia dos direitos básicos à população durante a realização dos empreendimentos. “Por isso, começam a ter os processos de compensação dessas grandes obras, investimentos na área de saneamento básico, de instalação de postos de saúde, escolas, que deveriam ser, digamos, a obrigação do poder público e que acabam sendo realizados como se fossem uma coisa trazida por um benefício dos empreendimentos”, critica.
Adriana Ramos (foto abaixo) é graduada em Comunicação Social e morou em Manaus entre 1991 e 1994. Trabalha no ISA em Brasília desde 1995 como assessora de políticas públicas. Atualmente é coordenadora da iniciativa amazônica e membro do Conselho Diretor do ISA.
Confira a entrevista.
HU On-Line – Como a infraestrutura e o desenvolvimento foram discutidos no VI Encontro do Fórum Amazônia Sustentável e II Encontro Panamazônico do Fórum Amazônia Sustentável e Articulação Regional da Amazônia – ARA, realizados recentemente?
Adriana Ramos – Discutiu-se a questão da infraestrutura a partir do grande desafio desses megaprojetos de infraestrutura pensados para a Amazônia. Na primeira sessão foi destacado o fato de que tudo que se conhece sobre a Amazônia, em relação aos ciclos econômicos, não encontra parâmetros naquilo que está sendo planejado. Então, sabemos como a Amazônia reage a certo tipo de intervenção, quais são os impactos e os riscos. Então, o que vai ser a Amazônia após a implementação dessa infraestrutura, principalmente, considerando a forma como ela vem sendo implementada, com uma série de problemas nos processos de licenciamento ambiental, com uma série de deficiências nos processos de consulta ou inclusão social? São incógnitas. O Brasil tem um papel muito importante nesse processo, não só pelos projetos na Amazônia brasileira, mas também pelo fato de que o Brasil é o principal financiador de projetos similares em outros países da Amazônia. Então, temos de assumir a responsabilidade de fazer esse debate sobre o que será essa região no futuro e como será possível desenvolver a região de um modo menos predatório.
Alternativas
Além disso, o debate sobre o desenvolvimento abarca também a discussão sobre quais são as alternativas a esse modelo. Nessa perspectiva, é preciso pensar a sustentabilidade da floresta, da biodiversidade, que depende, no caso do Brasil, de ter uma legislação adequada para que o país possa, de fato, se beneficiar do potencial de uso, por exemplo, biotecnológico da biodiversidade, assegurando às comunidades locais, que são responsáveis pela manutenção desse patrimônio, direitos e benefícios. Também discutimos o desenvolvimento das cidades na Amazônia, porque esta tem uma população majoritariamente urbana. Porém, essa urbanização não é similar às outras regiões do país. Há uma série de deficiências de equipamentos de infraestrutura urbana nas cidades da Amazônia e uma pressão muito grande também das atividades econômicas. Então, como assegurar que a qualidade de vida das cidades e que o modelo das cidades amazônicas estejam adequados à realidade regional?
IHU On-Line – Quais são os projetos de infraestrutura e desenvolvimento previstos para o futuro que mais causam ou causarão impacto na Amazônia?
Adriana Ramos – A importância que tem sido dada à mineração na balança comercial da região é preocupante, porque a atividade de mineração é de alto impacto, e agora estamos em fase de rediscutir o Código de Mineração, e protestar diante da abertura da mineração em terras indígenas. Então, nos preocupa muito a forma como esse processo vai avançar.
Há uma deficiência da infraestrutura, por exemplo, de telecomunicações, que não é devidamente tratada nos projetos em desenvolvimento. De certa forma, é uma nova rodada de exploração na Amazônia pelo resto do Brasil e do mundo, não necessariamente configurando projeto de desenvolvimento para a própria região amazônica. Essa é uma das características desse modelo, que causa muita preocupação, porque o que temos visto é que as populações da própria região são as que mais sofrem os impactos e as deficiências do atendimento que acontece.
Preocupa também a expansão do agronegócio no sentido de que as grandes expansões de terra para a monocultura, muitas vezes, são pagas pela exportação, criando um desequilíbrio e pressão sobre a questão fundiária e a presença das populações tradicionais. Além disso, esses grandes projetos têm desregulamentados outros setores, e a mudança do Código Florestal demonstra isso. Recentemente houve uma notícia no jornal de que o setor rural apresentou ao candidato à presidência da Câmara, Henrique Alves, a agenda prioritária que inclui a discussão da legislação trabalhista, a qualificação da questão do trabalho escravo, que é uma tentativa de desconsiderar a qualificação do trabalho escravo como é feita hoje, e a discussão da questão indígena, já que existem inúmeras propostas tramitando no Congresso Nacional que tentam diminuir a garantia dos direitos indígenas. Então, os grandes processos econômicos estão associados ao processo de desregulação que podem agravar esse quadro.
IHU On-Line – Uma das sugestões para reverter o atual projeto de desenvolvimento na Amazônia é investir no desenvolvimento da economia regional. Em que consiste essa proposta especificamente?
Adriana Ramos – Essa proposta questiona a infraestrutura proposta para a região. Entendemos que esse projeto de infraestrutura está inserido num projeto de desenvolvimento nacional, mas que não é regional, porque a região não será desenvolvida. Pretendemos, portanto, com essa proposta aumentar, dar mais valor, mais espaço para projetos de desenvolvimento a partir das riquezas da região, para a própria região.
Tem, por exemplo, um conjunto de comunidades locais que desenvolvem projetos, no plural, de uso sustentável da biodiversidade e da floresta. Esse projeto poderia ser ampliado no estado, contribuindo, também, para a valorização da cultura dessas comunidades. Na região existem exemplos bem sucedidos de produtos que são comercializados para a região: o açaí, por exemplo, virou um produto de exportação tanto para o Brasil quanto para o resto do mundo, a partir da iniciativa dos microempreendedores. Além disso, a floresta tem nas madeiras um conjunto de riquezas de grande potencial, como o desenvolvimento de produtos a nível local, como óleos.
Outro problema é a substituição da agricultura familiar pelos grandes plantios. Quer dizer, é preciso encontrar formas de garantir a manutenção da agricultura familiar, porque ela é muito mais inclusiva socialmente. Além disso, a floresta tem um conjunto de riquezas de grande potencial, como o desenvolvimento de produtos a nível local, como madeiras e óleo.
IHU On-Line – Qual a situação social e econômica das populações que vivem próximas às áreas florestais? Quais os impactos sociais desses projetos de infraestrutura?
Adriana Ramos – Há uma situação de grande fragilidade dos sistemas de atendimento público na área de saúde, de educação, saneamento básico. Então, as cidades da Amazônia têm uma carência grande de atendimento de serviços básicos, de estrutura, de geração de empregos. E, por ocasião dos grandes empreendimentos, muitas pessoas migram para a região na expectativa de que ela irá se desenvolver. Uma das questões que se discute nesse sentido é a ausência do poder público para garantir os direitos básicos à população. Por isso começam a ter os processos de compensação dessas grandes obras, investimentos na área de saneamento básico, de instalação de postos de saúde, escolas, que deveriam ser, digamos, a obrigação do poder público e que acabam sendo realizados como se fossem uma coisa trazida por um benefício dos empreendimentos.
Muitas vezes essas iniciativas não são concretizadas no sentido de serem implementadas, pelo menos não a tempo de dar conta do aumento das demandas sobre esses serviços causados pela migração. Basta ver o exemplo de Altamira, por causa de Belo Monte. Os investimentos prévios, que deveriam ter sido feitos na cidade não só para atender a população, mas também para garantir a chegada desse contingente de novos trabalhadores não foram realizados. A cidade entrou em colapso: há um aumento indiscriminado no preço dos aluguéis e uma incapacidade do sistema público de saúde e de educação em dar conta dessa demanda. Trata-se de uma cidade que já tinha uma série de fragilidades, que foram agravadas com a construção de Belo Monte. Quando a obra de Belo Monte acabar, uma parte desse contingente ficará na cidade, e ela continuará sobrecarregada. Outra parte desse contingente migrará para novas obras e irá gerar essa mesma situação de caos em outras localidades.
Se vamos optar por esse modelo de grandes obras, temos conhecimento de causa de lições aprendidas em casos anteriores, e sabemos exatamente o que é preciso fazer, como investir previamente para preparar a cidade? Se a sociedade tem a consciência de quais são os impactos e quais são os benefícios, ela pode aceitar isso, mas para que isso aconteça, é preciso que os processos, primeiro, sejam transparentes e negociados devidamente, e, em segundo lugar, que de fato a população tenha algum tipo de benefício, ou seja, que esses investimentos cheguem. Então, não se trata de ser contra o modelo como um todo necessariamente, mas sim contra a forma como esse modelo vem sendo implementado. Isso porque ele está longe de assegurar qualquer tipo de sustentabilidade ambiental ou social e, de repente, até econômica, porque temos visto que essas obras são calculadas sem levar em consideração esses investimentos.
IHU On-Line – Quais são os interesses econômicos e políticos entrelaçados com esses projetos de infraestrutura e desenvolvimento? Tem interesses internacionais envolvidos nesses projetos?
Adriana Ramos – Com certeza. Vivemos numa economia globalizada em que é muito difícil fazer essa distinção entre empreendimentos nacionais e internacionais. Então, uma parte da energia gerada na Amazônia será utilizada para a produção de alumínio, que é registrada por empresas nacionais e estrangeiras que, evidentemente, se qualificam com empresas nacionais e com empresas internacionais. Além disso, uma parte dessa produção será utilizada para a exportação. De certa forma, estamos exportando nossa água, a nossa qualidade ambiental dos rios. isso porque, no momento em que se faz uma barragem para gerar energia para a produção de alumínio que vai para a exportação, esse alumínio tem um preço barato, visto as empresas não pagam pelas águas que usam e a energia é barata por conta do modelo de financiamento dessas obras. Então, sem dúvida nenhuma outros interesses se conectam com as políticas elaboradas no Brasil historicamente.
* Publicado originalmente no site IHU-Online.
Fonte: http://envolverde.com.br/sociedade/desenvolvimento-na-amazonia-varias-incognitas/?utm_source=CRM&utm_medium=cpc&utm_campaign=12
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