quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Botos correm o risco de desaparecer da Baía de Guanabara, Rio, até 2016


Mortalidade dos últimos anos está acima do que seria sustentável. 
Dragagem e poluição acústica podem prejudicar os animais.

Do G1 Rio
Os botos, animais símbolos do Rio, presentes até na bandeira da cidade, correm o risco de desaparecer da Baía de Guanabara até 2016. O alerta é de um grupo de pesquisadores que estuda os bichos há 20 anos e que descobriu que o número de botos mortos aumentou muito, conforme mostrou o Bom Dia Rio desta quinta-feira (31).
“Nós temos monitorado essa população de boto cinza da Baía de Guanabara desde 1995. Cada filhote que eu vejo, eu me pergunto se ele vai conseguir crescer, reproduzir e manter essa população. A gente tem observado nos últimos dez anos uma redução de mais de 50% dessa população. Graças esse monitoramento, nós podemos observar que após a dragagem [remoção,  de material do fundo da, baías e canais de acesso a portos], essa mortalidade sofreu um aumento muito grande", explicou Haydée Cunha, bióloga da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
"A mortalidade nos últimos 60 dias foi de 12 % em dois meses comparado a 2% ao ano no período anterior a dragagem. A gente teve três animais mortos no primeiro período, depois houve uma interrupção da dragagem e nenhum animal foi recolhido e quando  houve a retomada da dragagem mais dois animais morreram. Então, foram cinco animais mortos no período de 60 dias", completou a bióloga.
Poluição acústica
De acordo com os pesquisadores, a dragagem altera as características do ambiente e e altera o padrão da pesca na Baía da Guanabara. Ainda segundo o grupo, a poluição acústica também aumenta o estresse dos animais.
"O ruído provocado por qualquer atividade afeta a saúde da população de botos. O som pode deixar o animal mais vulnerável a doenças ou ate mesmo a própria percepção do espaço", declarou o também biólogo da Uerj, Rafael Carvalho.
Segundo o grupo, a mortalidade dos últimos anos é muito preocupante e está acima do que seria sustentável.  "Ela indica que em alguns anos a gente pode não ter os botos da Baía de Guanabara. Do jeito que está, não chega até as Olimpíadas", concluiu Haydée Cunha.

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