quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Aliados dos pescadores, botos são atração para veranistas

Mamíferos ajudam pescadores na localização de cardumes


Botos na Barra
Foto: Gustavo Henemann/GES-Especial
Tramandaí - Se há um animal que todos os veranistas comentam quando estão no litoral norte e que vê-los é um privilégio, são os botos da Barra, que fica no limite entre Tramandaí e Imbé. A espécie costeira ocorre em vários locais do mundo, mas somente aqui no Rio Grande do Sul é que os botos e os pescadores fazem a melhor parceria.

Na beira do Rio Tramandaí, os mamíferos nadam em busca de alimentação e já aprenderam que os pescadores são seus maiores aliados na busca pelos cardumes. Conforme o biólogo do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) – que é vinculado a Ufrgs –, Maurício Tavares, a interação entre os botos e os pescadores é única. 

“Os animais entram na barra para pescar, e o pescador de tarrafa se beneficia, pois o peixe que escapa do boto, cai na malha”, enfatiza. Segundo Tavares, a ocorrência dos mamíferos também é percebida em Rio Grande e em Torres, no Rio Mampituba. O pescador de Tramandaí Milton Gonçalves Izidoro, 45 anos, que há 20 pesca na Barra, explica que quando os botos estão no rio é mais fácil de alcançar os cardumes de tainha. Mas Izidoro afirma que a frequência dos animais é maior do inverno do que no verão. “Agora que pararam um pouco com as motos aquáticas, eles estão aparecendo de novo”, conta.

Moto aquática atrapalha

Para a bióloga Gabrieli da Silva Afonso, que está trabalhando em seu projeto de mestrado sobre os botos da Barra, o turismo tem feito com que a frequência dos botos no local diminua a cada ano. “A grande presença de embarcações, lanchas e ruídos sonoros atrapalha a vinda deles. Mas o grande problema são as motos aquáticas. Elas fazem com que os botos fujam de volta para o mar”, explica. “Além desses fatores, já realizei a coleta da água para saber se existe outra explicação”, salienta Gabrieli, que lembra que a espécie está em extinção e é vulnerável aos impactos humanos. Ao final do seu mestrado, a bióloga quer desenvolver um projeto para apresentar às prefeituras para preservação dos botos.

Eles já ganharam até nomes

Conforme Gabrieli da Silva Afonso, a população de botos que entra no Rio Tramandaí é de 10 animais. E pelo menos cinco deles têm nomes, que foram dados pelos pescadores.De acordo com a bióloga, os botos da Barra pertencem a gerações da mesma família.“Os pescadores identificam o modo de pescar dos botos e até a personalidade, por isso alguns já ganharam nomes. Temos o Catatau, Geraldona, Coquinho, Bagrinho e o Chiquinho”, detalha Gabrieli, que ainda conta que os animais são diferenciados também pelas nadadeiras dorsais.Segundo Izidoro, na semana passada, a Geraldona e o Bagrinho estiveram auxiliando a pesca.“Todos os anos tem um boto novo. Estes ainda não foram batizados”, justifica o pescador.

Perfil

Nome comum: boto

Nome científico: Tursiops ssp

Comprimento adulto: 3,5 metros

Peso adulto: 350 quilos

Tempo de vida: 30 a 40 anos

Reprodução: Ocorre durante a primavera e o verão. A gestação dura cerca de 12 meses, sendo que nasce somente um filhote por vez.

Alimentação: Os botos se alimentam de várias espécies de peixes, como a tainha, peixe-espada, brota e maria-luiza.

Problemas de conservação: lixo, moto aquática e embarcações

 Imagens

  • Botos na BarraFoto: Gustavo Henemann/GES-Especial
  • Botos na BarraFoto: Gustavo Henemann/GES-Especial
  • Botos na BarraFoto: Gustavo Henemann/GES-Especial

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