Os tempos não estão fáceis para as árvores da cidade de São Paulo. Para quem observa as árvores urbanas paulistanas como eu, andar pela cidade no último ano é uma sucessão de (más) surpresas. Mais um exemplo foi encontrar um histórico exemplar de pau-viola (Cytharexylum miriantuhm) com mais de 80 anos cortado recentemente sem maiores preocupações. Essa árvore nasceu em meio a Mata Atlântica que dominava a região de Santo Amaro até cerca de cinquenta anos atrás e era uma sobrevivente da intensa urbanização, com genética típica das extintas matas do Rio Pinheiros.
Seu lenho estava na maior parte saudável, inclusive os brotos laterais (que não foram poupados), e no centro a medula apresentava sem comprometer a sua integridade, traços de podridão e cupim – como quase todas as árvores adultas de São Paulo - e que deveria ter sido tratada, até pela sua importância, mas infelizmente não existe metodologia de combate a cupins adotada pela Prefeitura – o remédio é a derrubada. Árvores urbanas tem durabilidade, mas sua remoção ou poda devem ser feitas com critério e considerando a importância do exemplar em diversos aspectos, tanto biológico, cultural e urbano.
Parece que as constantes reclamações dos paulistanos com as quedas de árvores em todos os verões pela falta de cuidados com a arborização urbana fez o Poder Público optar pela opção mais simples: cortar, cortar, podar, podar e nada de plantar (como já alertamos no último post). O resultado é fácil de ver e de sentir, na metrópole que apresenta atualmente recordes de temperatura e secura, e ainda mais perdendo sua árvores adultas e grandes – aquelas que realmente fazem a diferença em nossas vidas urbanas.
Ricardo Cardim
Fonte: http://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2014/02/10/as-arvores-adultas-de-sao-paulo-estao-sendo-cortadas-em-pleno-verao-escaldante/?utm_medium=facebook&utm_source=twitterfeed
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