Guardian Environment Network* - 04/04/14
O Japão cancelou sua caça de baleias anual na Antártica pela primeira vez em mais de um quarto de século e, assim, seguiu a decisão do tribunal da ONU que julgou que o programa era uma atividade comercial disfarçada de ciência.
"Profundamente desapontado" o governo em Tóquio disse esta semana que honrará o julgamento de segunda-feira, 31/3, feito pelo Tribunal Internacional de Justiça, em Haia , mas não exclui a possibilidade de futuros programas de caça à baleia.
Semanas após o fim da mais recente temporada, na quinta-feira, 03/4, autoridades disseram que a próxima caçada da Antártida, que estava planejada para este ano ainda, foi desmantelada.
"Decidimos cancelar as pesquisas com baleias [na Antártica] para o ano fiscal que começa em abril devido à recente decisão", disse à France-Presse (AFP) um funcionário de uma agência oficial de pesca do país.
Mas ele acrescentou que "pretendemos ir em frente com as pesquisas com baleias em outras áreas, como previsto", incluindo o norte do Pacífico. O Japão também tem um programa de caça costeira que não é afetado pela proibição da caça comercial.
A Austrália, apoiada pela Nova Zelândia, arrastou o Japão até a Corte Internacional de Justiça, em 2010, na tentativa de acabar com a caça anual no Oceano Austral.
Tóquio usou uma brecha legal na proibição de caça comercial, criada em 1986, que lhe permitiu continuar massacrando os mamíferos, de forma aberta, para que pudesse coletar dados científicos.
No entanto, nunca fez segredo do fato de que a carne de baleia dessas caças pode acabar nas mesas de jantar japonesas.
O consumo de carne de baleia no Japão tem caído nos últimos anos.
O Japão argumentou que seu programa de pesquisa JARPA II tinha o objetivo de estudar a viabilidade da caça à baleia, mas a CIJ concluiu que o programa não analisou formas de fazer a pesquisa sem matar baleias, ou pelo menos matando uma quantidade menor.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que seu governo vai respeitar a decisão do tribunal, mas acrescentou que a decisão foi "uma lástima e eu estou profundamente desapontado".
Alguns juristas sugeriram que o Japão pode simplesmente reformular seu programa de caça às baleias para contornar a decisão do Tribunal Internacional de Justiça, mas a Austrália e a Nova Zelândia devem continuar a manter a pressão diplomática para assegurar que Tóquio obedeça o espírito da decisão.
*Esse artigo é publicado em parceria com a Guardian Environment Network, da qual ((o))eco faz parte. A versão original (em inglês) foi publicada no site do Guardian. Tradução de Eduardo Pegurier |
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