Pela primeira vez na costa brasileira um sistema de GPS vai monitorar os movimentos e comportamentos de mergulho da espécie
por Rodrigo Baleia
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Foto: Rodrigo Baleia
Os pesquisadores posicionam-se no alto dos morros da orla de Torres, rastreando sinais das baleias perto da costa.
Um consórcio de instituições brasileiras, incluindo a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), juntamente com o Instituto Aqualie e Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (GEMARS), iniciou uma nova etapa no estudo dasbaleias-francas (Eubalaena australis) no sul do Brasil.
Nesta última semana, os pesquisadores utilizaram pela primeira vez na costa brasileira um sistema de GPS para monitorar os movimentos e comportamentos de mergulho das baleias-francas na região. Os cetáceos migram, a cada inverno, das regiões subantárticas para as águas costeiras do sul do Brasil, para acasalar, dar à luz e amamentar os filhotes.
A espécie foi severamente caçada em águas brasileiras até 1973. Embora a população esteja se recuperando, a baleia-franca é ainda considerada ameaçada de extinção pelo Ministério do Meio Ambiente (2014), e está incluída na Lista de Espécies da Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção do Rio Grande do Sul (2014). Atualmente, as principais problemas enfrentados pela espécie são as colisões com embarcações e o emalhamento em redes de pesca.
Embora as baías protegidas de Santa Catarina sejam as principais áreas de concentração da espécie no Brasil, muitas baleias-francas, incluindo fêmeas com filhotes, também utilizam as praias expostas do Rio Grande do Sul. Contudo, pouco ainda é conhecido sobre como as baleias utilizam essa região.
No intuito de entender melhor os movimentos e identificar os hábitats preferenciais da espécie na região, a equipe de pesquisadores está utilizando um “tag”, acoplado a uma ventosa, que contém um sistema de aquisição de dados, incluindo um GPS e um sensor de profundidade. Os “tags” permanecem aderidos à região dorsal da baleia por algumas horas, até serem naturalmente liberados e recolhidos pelos pesquisadores. O estudo, que recebe auxilio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi autorizado pelo Ministério do Meio Ambiente e recebe apoio do escritório regional do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Torres, onde o estudo está sendo desenvolvido.
Segundo os coordenadores do projeto Prof. Artur Andriolo (UFJF) e Prof. Paulo Ott (UERGS), o estudo visa não apenas melhor compreender o comportamento e distribuição das baleias-francas na região, mas também contribuir para o estabelecimento de futuras estratégias de manejo. A partir da identificação de áreas críticas para a espécie, espera-se, por exemplo, mapear as áreas de maior risco de colisões com embarcações e emalhamentos em artefatos de pesca.
Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br/materias/baleias-francas-no-sul-do-brasil#3
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