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Logo na chegada, na praça central do vilarejo, pendurada entre duas árvores, estava uma faixa amarela com os dizeres em vermelho: “Este rio é nossa vida. Não aceitamos hidrelétricas no Tapajós”. A curiosidade foi imediata: quem a colocou lá?
Quem contou a história da faixa foi Marcio Halla, agrônomo de São Paulo, radicado em Alter. Ele chegou ao Pará em 2004 para trabalhar na ong Saúde e Alegria. Hoje, é consultor ambiental, dono da própria empresa, a Ecotore.
Engajado nas questões ambientais de Alter do Chão, ele começa a conversa falando da APA Municipal de Alter do Chão, no papel, criada em 2003. Entretanto, apenas em 2011, a partir da iniciativa de Halla e de outros locais, criou-se o seu conselho gestor, e, no fim de 2012, o seu Plano de Uso.
Halla diz que esses esforços individuais esbarram na falta de vontade política para ordenar o crescimento de Alter, que viveu nos últimos anos uma explosão do turismo e, em consequência, da construção civil.
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Marcio conta que, através da APA, tenta levantar esse debate com os moradores. No primeiro encontro que fizeram em Alter do Chão, decidiu-se coletivamente pela confecção de 10 faixas iguais a colocada pela comunidade na praça principal. Mas, desde então, pouco se fez, por falta de articulação dos movimentos sociais.
Segundo Halla, a resistência mais efetiva e visível é a dos índios Mudurukus, que se declararam em guerra contra as usinas. A repercussão da carta enviada ao governo pelos mundurukus e a detenção e expulsão da equipe que fazia os estudos de impacto ambiental na região em que vivem deve adiar o leilão das hidrelétricas, que estava marcado para o final de 2014.
As usinas estão distantes mais de 250 km em linha reta até Alter do Chão. Entretanto, Halla ilustra danos que elas podem causar: “Empiricamente, nas épocas em que as secas do Tapajós foram muito fortes, as águas [barrentas] do Amazonas entraram pelo Canal do Jari. As águas do Amazonas podem avançar sobre as do Tapajós a partir do ponto em que se encontram, na frente de Santarém. A vazão do Canal do Jari é baixa demais comparada à do Tapajós. o que pode criar uma mancha maior do que a normal. Se as hidrelétricas baixarem o nível do rio, isso poderá ocorrer com mais frequência e tornar marrom o Lago Verde, um dos principais atrativos turísticos de Alter do Chão”.
O rio Tapajós tem águas claras que, dependendo da época ou do local, vão do verde a um azul que lembra o oceano. Mas, segundo Halla, o rio já foi marrom há 30 anos por conta da grande concentração de garimpos na região de Itaituba, cujas atividades poluíam o rio. Se os estudos de impacto forem limitados, adverte, o Tapajós e as comunidades que dele dependem podem sofrer impactos negativos que, do jeito que está previsto, não serão nem mesmo avaliados.
*Matéria editada em 12/07/13 às 9h30
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Fonte: http://www.oeco.org.br/hidreletricas-do-tapajos/27368-alter-do-chao-locais-temem-impactos-indiretos
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