Apenas um indivíduo foi pego na rede. Ele tem aproximadamente dois centímetros de comprimento, dois pares de asas e uma extensão na parte traseira em forma de fórceps, que o distingue claramente de outros insetos conhecidos. Na verdade, estas extensões fazem parte do seu órgão sexual masculino e são usadas provavelmente para agarrar as fêmeas durante o acasalamento.
O entomólogo Ricardo Kawada talvez ainda não soubesse quão inusitada era a presença daquele bicho entre tantos insetos capturados, mas lembrou de um colega que poderia ajudar a descobrir que coisa era aquela. Quando trabalhava em uma coleção natural em Manaus, ele conheceu Renato Machado, que estudava justamente esta ordem, a Mecoptera.
Assim que viu as imagens, Renato José Pires Machado percebeu que se tratava de algo novo. “Eu achei muito parecido com as outras duas espécies e logo identificamos como pertencente à família. Depois disso veio o processo de descrição. Mas com certeza assim que bati o olho, já sabíamos que era algo novo”, conta.
Não é por acaso que o bicho tenha passado tanto tempo incógnito. Apesar dos pesquisadores saberem quase nada sobre ele, com base no pouco que se conhece das outras duas espécies, acredita-se que ele viva escondido sob folhas e galhos secos no chão e tenha hábitos noturnos. “Devido ao tamanho reduzido e pelo fato de estar sempre escondido, nunca foi visto antes”, destaca Machado.
A existência de um fóssil da mesma família, encontrado lá na Sibéria, comprova que ancestrais desses bichos viveram no período Triássico, entre 250 e 200 milhões de anos atrás. “A nossa explicação para esta distribuição é que a família é mais antiga ainda. Ela surgiu quando todos os continentes estavam unidos em um único continente chamado Pangéia”, afirma Machado. Existem vários outros casos de insetos e outros animais que possuem a mesma distribuição.”
Machado conta que existem pesquisadores nos Estados Unidos em busca de larvas dos insetos desta família. É uma corrida em busca de novidades. Mas talvez até por uma brincadeira da natureza, a novidade veio de um lugar onde nem se sabia que esses bichos pudessem ser encontrados. Agora, as armadilhas continuam a ser armadas na região do Pico Eldorado. E sempre existe a possibilidade de serem encontrados novos indivíduos da espécie, que possam ajudar a conhecer melhor esta rara família.
Fonte: http://www.oeco.com.br/noticias/26920-uma-raridade-descoberta-na-mata-atlantica
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