sábado, 9 de novembro de 2013

Pesquisa encontra resto de inseticida em golfinhos no litoral brasileiro


Cientistas analisaram amostras de fígados, placentas e leite de toninha.
Descoberta indica contaminação da cadeia alimentar marinha.

Dennis BarbosaDo Globo Natureza, em São Paulo
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Estudo publicado na revista “Environment International” aponta que golfinhos do litoral brasileiro estão contaminados por piretroides, compostos usados como inseticidas.
Segundo explica Mariana Alonso, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que liderou a pesquisa, o golfinho está no topo da cadeia alimentar que, portanto, é composta por outros seres vivos que também devem estar contaminados por essas substâncias (por exemplo, uma alga recebe o piretroide da água e é comida por um camarão, que é comido por um peixe, que serve de alimento para o golfinho).
Filhote da espécie Pontoporia blainvillei. (Foto: Reuters)Filhote da espécie 'Pontoporia blainvillei'. (Foto: Reuters)
A novidade da pesquisa de Mariana é que antes se pensava que os piretroides se decompunham. Esses inseticidas são usados tanto pela população urbana, por meio, por exemplo, de tomadas antimosquito, como também em atividades rurais. No armazenamento de grãos, por exemplo, eles são usados para evitar que insetos ataquem os alimentos.
No estudo são analisadas amostras de fígado, leite e placentas da espécie Pontoporia blainvillei, conhecida como toninha, que está ameaçada de extinção e existe apenas nos litorais brasileiro, argentino e uruguaio. Foram usadas amostras de exemplares que ficaram presos acidentalmente em redes de pesca no litoral de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Os filhotes pesquisados tinham a maior concentração de piretroides, o que levou os pesquisadores a verificar a presença do composto no leite e em placentas, que também se mostraram contaminados. “Eles recebem uma carga muito alta nos primeiros estágios da vida”, observa Mariana Alonso.
Os efeitos dos piretroides sobre a saúde dos golfinhos são pouco conhecidos. Outro estudo liderado pela mesma pesquisadora e publicado na revista “Environmental Pollution”, mostrou a contaminação de golfinhos por retardantes de chama, usados nos mais diversos produtos, como móveis e eletrodomésticos, como forma de diminuir sua suscetibilidade ao fogo.

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