0.099375001380300901 desmatamento2 Biodiversidade em fragmentos florestais é ainda mais vulnerável do que se pensava
Há décadas, conservacionistas vêm ressaltando que os danos causados pelo desmatamento sobre os ecossistemas vão muito além da área devastada, atingindo profundamente os remanescentes florestais do entorno.
A fragmentação causada pelas manchas de desmatamento é um problema sério em nosso país, em especial na Mata Atlântica. Impactos, como o efeito de borda, que altera a vida presente nas áreas mais exteriores, já são bem conhecidos por ciências como a Biologia da Conservação.
Um novo estudo vem para contribuir na compreensão dessas interações entre o mundo exterior e os pequenos remanescentes florestais de áreas intensamente exploradas pelo homem.
Pesquisadores australianos avaliaram um caso na Tailândia durante 25 anos e concluíram que mamíferos nativos foram extintos neste período com o isolamento de outros fragmentos.
O estudo foi realizado em um conjunto de ilhas recém-constituídas devido à construção de uma hidroelétrica que inundou uma vasta área. Cinco anos após o isolamento, as ilhas com menos de dez hectares haviam perdido quase todos os pequenos mamíferos.
Ao visitar as ilhas 20 anos depois, os pesquisadores descobriram que as ilhas maiores tiveram o mesmo destino. Apenas um mamífero permaneceu em abundância, o rato malaio (Rattus tiomanicus), uma espécie exótica que não se sai bem em florestas maiores.
Duas parecem ter sido as causas da extinção local. Uma é o isolamento, que causou uma pobreza genética e não permitiu a recolonização dos locais com declínio populacional.
Outra é competição que os pequenos mamíferos tiveram que enfrentar com os ratos.
“Tais invasões bióticas estão se tornando cada vez mais comuns em paisagens modificadas pelo homem. Portanto, nossos resultados são particularmente relevantes para outras florestas fragmentadas e indicam que pequenos fragmentos são potencialmente ainda mais vulneráveis à perda de biodiversidade do que se pensava”, alertam os pesquisadores na última edição da revista Science.
* Publicado originalmente no CarbonoBrasil.