sábado, 31 de agosto de 2013

Local usado para treino de tiros da Marinha no litoral de SP deve virar parque


PUBLICIDADE
 
RICARDO HIAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ALCATRAZES (SP)

Berçário de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, o arquipélago de Alcatrazes, em São Sebastião (litoral norte de São Paulo), deixará de ser utilizado para treino de tiros das Forças Armadas e poderá virar parque nacional.


Após 33 anos, a Marinha anunciou o "cessar fogo" numa área rochosa da ilha principal, em apoio ao projeto que tramita no Ministério do Meio Ambiente e propõe novas regras de preservação.
Entre as mudanças previstas está a possibilidade de acesso de visitantes ao local, limitado atualmente por se tratar de uma zona militar. Formado por 13 ilhas, Alcatrazes está a 43 km da costa.

DIVERSIDADE

O Ibama e o ICMBio, que atuam hoje em conjunto com a Marinha na preservação do local, defendem a criação do parque como um mecanismo mais eficiente para manter a diversidade de fauna e flora.
O diretor de Departamento de Áreas Protegidas do ministério, Sérgio Brant, diz que a pasta aguarda a formalização da Marinha para encaminhar a proposta à Casa Civil.
"A partir disso, iremos redefinir os detalhes do projeto. O panorama atual aponta para uma criação muito próxima do parque", diz Brant.
A Marinha diz que os treinos de tiros foram encerrados em Alcatrazes e que realiza testes numa ilha a 4 km do arquipélago, onde o impacto ambiental é considerado bem menor. Com quatro hectares, a ilha da Sapata é pobre em espécies.
"A motivação da mudança é fruto de um entendimento do Ministério da Defesa com o Ministério do Meio Ambiente, que objetiva congregar os interesses de preservação ambiental e defesa nacional", diz a Marinha, em nota.
Uma das condições das Forças Armadas é que a ilha da Sapata não seja incluída nos limites do parque.

VISITAÇÃO CONTROLADA

Kelen Leite, chefe da Estação Ecológica Tupinambás, administrada pelo ICMBio, diz que o arquipélago é considerado patrimônio natural do Estado de São Paulo.
Segundo ela, a ideia é permitir a visitação controlada nas ilhas, que evitaria um impacto ambiental.

"Os roteiros ficariam restritos ao mar devido à sensibilidade das ilhas, que têm diversas espécies endêmicas e ameaçadas, além do ninhal. O foco seria o mergulho contemplativo e a contemplação embarcada de aves e cetáceos."
Uma consulta pública realizada em 2011 serviu de base para o projeto encaminhado ao ministério. O parque seria formado por 160 km², além do perímetro que compreende a Estação Ecológica de Tupinambás, destinada a pesquisas.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Simpósio de Ecologia 2013 - 16 - 18 de outubro - UFSCAR


PROGRAMAÇÃO

16 de Outubro

08:30

Abertura

09:00 - 10:00

Palestra: Cenários para a biodiversidade global no século XXI

Organização: Dr. Henrique M. Pereira - Universidade de Lisboa
Local: Anfiteatro Florestan Fernandes
10:00 - 12:00

Mesa-redonda: Conservação do cerrado

Organização: Dr. Fernando Martins - (UNICAMP), Waldir Mantovani (UFABC), Dr. Mário Barroso Ramos-Neto (WWF), Mediador: Dr. Marco Batalha
Local: Anfiteatro Florestan Fernandes
13:00 - 15:00

Sessão de painéis

Local: Em frente aos auditórios 1, 2 e 3 da Biblioteca Comunitária
15:00 - 18:00

Oficinas

Ecossistemas terrestres
Organização: Dr. Fernando Roberto Martins
Local: Anfi-1. Biblioteca Comunitária
Manejo e restauração de ecossistemas terrestres
Organização: Coordenador: Dr. Waldir Mantovani
Local: Anfi-3. Biblioteca Comunitária
Serviços e funcionamento dos ecossistemas
Organização: Coordenador: Dr. Mário B. Ramos-Neto
Local: Anfi-2. Biblioteca Comunitária

17 de Outubro

09:00 - 10:00

Palestra: Ecología de las Invasiones Biológicas: Practicas, Procesos y Consecuencias

Organização: Dr. Ramiro O. Bustamante - Universidad de Chile
Local: Anfiteatro Florestan Fernandes
10:00 - 12:00

Mesa Redonda: Estratégias de conservação da Biodiversidade no Brasil

Organização: Cristiano de Campos Nogueira (Museu de Zoologia - USP), Fabio Rubio Scarano (Departamento de Ecologia, UFRJ), Rafael Loyola (UFG), Mediador: Dr. José Salatiel Pires
Local: Anfiteatro Florestan Fernandes
13:00 - 15:00

Sessão de painéis

Local: Em frente aos auditórios 1, 2 e 3 da Biblioteca Comunitária
15:00 - 18:00

Oficinas

Áreas protegidas
Organização: Fabio Rubio Scarano
Local: Anfi-2. Biblioteca Comunitária
Educação para a preservação
Organização: Dra. Haydée Torres de Oliveira
Invasões Biológicas
Organização: Coordenador: Dr. Ramiro O. Bustamante
Local: Anfi-1. Biblioteca Comunitária
Mudanças Tecnológicas como ferramentas para estudos de Ecologia
Organização: Carlos Alberto Martinez y Huaman - USP- Ribeirão Preto
Local: Anfi-3. Biblioteca Comunitária

18 de Outubro

09:00 - 10:00

Palestra: Complexidade de hábitat: abordagens e perspectivas futuras

Organização: Dr. Sidinei Magela Thomaz (Universidade Estadual de Maringá)
Local: Anfiteatro Florestan Fernandes
10:00 - 12:00

Mesa-redonda: Ecologia e conservação de ambientes aquáticos

Organização: Dr. Sidinei Magela Thomaz, Dr. Ricardo Coutinho ( Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, Departamento de Oceanografia, Arraial do Cabo, RJ) Dr. Reinaldo Luiz Bozelli (UFRJ). Mediador: Dr. Alberto Carvalho Peret (UFSCar)
Local: Anfiteatro Florestan Fernandes
13:00 - 15:00

Sessão de painéis

Local: Em frente aos auditórios 1, 2 e 3 da Biblioteca Comunitária
15:00 - 18:00

Oficinas

Ecossistemas de Água doce
Organização: Coordenador: - Dr. Sidinei Magela Thomaz
Local: Anfi-1. Biblioteca Comunitária
Ecossistemas marinhos
Organização: Coordenador: Dr. Ricardo Coutinho (UFSCar)
Local: Anfi-2. Biblioteca Comunitária
Manejo e restauração de ecossistemas lacustres
Organização: Coordenador - Dr. Reinaldo Luiz Bozelli
Local: Anfi-3. Biblioteca Comunitária



Fonte: http://www.simposioecologiasc.ufscar.br/eventos/programacao

Baleia-franca é avistada com rede de pesca emaranhada no Sul da Ilha de Florianópolis

Foram avistados três animais, porém, apenas uma estava com a rede.
Segundo bióloga, por se tratar de região pesqueira, redes ficam espalhadas.


Baleia Franca foi avistada na Praia do Morro das Pedras (Foto: Alcides Dutra/Divulgação)Baleia Franca foi avistada na Praia do Morro das Pedras (Foto: Alcides Dutra/Instituto Larus)
Uma baleia-franca foi avistada na praia do Morro das Pedras, no Sul da Ilha de Santa Catarina, com um emaranhado de rede de pesca preso junto ao corpo na manhã desta quinta-feira (29). De acordo com o presidente do Instituto Larus, Alcides Dutra, três baleias foram vistas, mas apenas uma delas estava com a rede presa.
"Não foi possível ver se atrapalha a abertura da boca, mas, se isso acontecer, ela vai ter problemas quando voltar para as áreas de alimentação. A observação está sendo feita de longe, a cerca de 150m de distância, para não estressar o animal", disse Alcides.
Segundo a bióloga marinha Gabriela Godinho, do Instituto Baleia Franca, a temporada de aparecimento das baleias francas é de julho a novembro. "É uma região pesqueira, não temos como proibir a colocação de redes. Em todos os casos que acompanhamos, as redes ficam presas nas calosidades da cabeça da baleia, mas, sempre se soltam ou arrebentam com o tempo. O comportamento é monitorado para ver se tem alguma alteração. Caso haja alguma mudança faríamos uma intervenção para a retirada, mas em nenhum caso isso foi necessário" explica a bióloga.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Herbário Virtual cria uma rede poderosa

 
Ricardo Braga-Neto*

Rede de herbarios 
O Herbário Virtual da Flora e dos Fungos integra dados de 87 herbários e totaliza mais de 4 milhões de registros disponíveis de forma livre e aberta a todos os interessados. Destes, 3,4 milhões de registros advém de herbários nacionais que se somam a mais de 600 mil repatriados de herbários do exterior. O sistema de informação onlineutilizado é a rede speciesLink, desenvolvida e mantida pelo Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA). Embora existam dados de plantas e fungos na rede desde 2003, o volume de dados e o número de herbários vêm crescendo desde o início das atividades do Herbário Virtual em 2008, com mais de 500 mil novos registros integrados por ano. O sistema oferece ainda mais de 235 mil imagens de exsicatas e as pranchas e textos descritivos da obra Flora brasiliensis.
O Herbário Virtual tem duas linhas norteadoras de pesquisa: (1) Diversidade e taxonomia de plantas e fungos, na qual se busca ampliar o conhecimento sobre a sistemática das espécies e sobre os ambientes onde ocorrem ou ocorreram no passado recente; (2) disponibilização e uso de dados de espécimes depositados em coleções de herbário. Esta última possibilita o desenvolvimento de ferramentas para integração e análises de dados, e de modelos a serem testados. Essas capacidades contribuem para a formulação de políticas públicas sobre diversidade vegetal e micológica.
Rede de herbários
Evolucao dos dados e provedores 
Herbário Virtual da Flora e dos Fungos é um instituto sem paredes, cuja força está na formação de uma rede de herbários no Brasil e na integração de equipes de informação e informática para a biodiversidade. Os bons resultados se devem ao trabalho de taxonomistas, ao empenho de cada curador, técnico e bolsista dos herbários, à equipe de desenvolvedores e técnicos de apoio em informática e à coordenação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT).
Na outra ponta, o trabalho de cada herbário participante é essencial para a disponibilização de dados de qualidade. Cada um trabalha na digitação e atualização de seus dados online. Mais de 95% dos herbários nacionais vinculados ao INCT atualizaram seus dados nos últimos 12 meses, o que demonstra o dinamismo do trabalho em rede. Segundo estatísticas recentes sobre o uso do Herbário Virtual, uma média de 20 milhões de registros são visualizados por mês. Através de suas ferramentas são produzidos cerca de 30 mil mapas, 20 mil listas de espécimes e 10 mil gráficos. Além disso, são realizadas em média 5 mil buscas, produzidas e visualizadas mais de 12 mil fichas de espécimes e efetuados cerca de 20 mil downloads dos dados. Ao mesmo tempo, oferece a possibilidade de comentar os registros que, junto com a disponibilização de imagens das exsicatas, permite desenvolver uma e-taxonomia: a determinação das amostras via rede.
Além de dados, a rede também integra especialistas. O Herbário Virtual já promoveu a visita de 69 especialistas, que atenderam a 122 coleções e examinaram mais de 42 mil espécimes.
A principal inovação do Herbário Virtual para biodiversidade é este trabalho em rede, que promoveu grande adesão dos herbários brasileiros e a parceria com herbários do exterior. Acoplado a uma gestão multi institucional via comitê e coordenadores de área, esse modelo resultou em um grande banco de dados onlinelivre e aberto, que integra textos, imagens e ferramentas para a modelagem de nicho ecológico das espécies. O êxito inicial do Herbário Virtual da Flora e dos Fungos mostra que ele cumpre o papel de gerar conhecimento sobre a diversidade das plantas e fungos do Brasil e de transferi-lo para a sociedade.

*O Herbário Virtual é coordenado e gerenciado por Leonor Costa Maia, Ana Odete Santos Vieira, Mariângela Menezes, João Renato Stehmann, Ariane Luna Peixoto, Maria Regina Barbosa e Dora Ann Lange Canhos.
Ricardo Braga-Neto contribuiu na divulgação com a colaboração de todos os autores.

Fragmentação põe em risco fauna da Mata Atlântica


Vandré Fonseca - 27/08/13

Só sobrou 8% da Mata Atlântica, ainda por cima, fragmentados. Foto: Otávio Nogueira/Flickr
Manaus, AM - Se ter pouca floresta já é ruim, pior ainda se o que restou dela estiver dividido, fracionado em pedaços ainda menores. A fragmentação do hábitat aumenta a possibilidade de desaparecimento das espécies, conforme artigo recentemente publicado no jornal científico Proceedings of the Nacional Academy of Sciences (PNAS).
"Muitas regiões florestais, com a Mata Atlântica, na América do Sul, têm sido reduzidas a pequenas frações de sua extensão original e essas florestas estão frequentemente muito fragmentadas", afirmou o autor principal do artigo, Ilkkla Hanski, da Universidade de Helsinki, Finlândia, para o site Mongabay.com. "Nossos resultados sugerem que, nesta situação, se alguém ignora o efeito da fragmentação provavelmente subestima a extinção".
O artigo cita trabalho do biólogo Gonçalo Ferraz, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que desenvolve estudos de efeitos da fragmentação sobre a as aves, desenvolvidos no Programa de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), mantido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e o Instituto Smithsonian.
De acordo com Ferraz, em florestas que foram muito reduzidas, a configuração da mata restante passa a ser fundamental para a preservação das espécies que vivem ali. "Por exemplo, na Mata Atlântica de hoje, a distribuição espacial da cobertura florestal tem mais importância para a sobrevivência das espécies do que a distribuição espacial da cobertura florestal da Amazônia como ela é hoje", afirma o pesquisador.
Mesmo sem levar em conta a fragmentação, as previsões feitas pelo modelo anterior, chamado de Relação Espécie-Área (SAR, em inglês), já apontavam que uma redução de 90% na área florestal resultava na extinção local de metade das espécies de aves. Mas este dado pode ser otimista. Os autores do estudo aplicaram outro modelo matemático, que inclui a fragmentação do hábitat nos cálculos, para estimar a perda de espécies na Mata Atlântica, a qual mantém apenas 8% de sua extensão original. Essa nova estimativa é ainda pior, e mais próxima da realidade.
Eles concluíram que a fragmentação tem um efeito elevado em ambientes reduzidos a menos de 20% da paisagem original. Outro ponto levantado pelo estudo é que, quando resta apenas 10% da floresta, a maioria dos animais e aves não são capazes de sobreviver a longo prazo.
Ao levar em conta os efeitos da fragmentação, pesquisadores têm apresentado más notícias para a biodiversidade. Há algumas semanas, com base nos efeitos da fragmentação e as distâncias entre os fragmentos florestais da Mata Atlântica, a equipe liderada pelo professor Gareth Russell, do Instituto de Tecnologia de Nova Jersey, já havia sugerido que o estado de conservação de 28 aves da floresta brasileira fosse reconsiderado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). No artigo publicado em julho, na revista Conservation Biology, os pesquisadores analisaram a situação de 127 espécies, levando em consideração aspectos como a fragmentação do ambiente e a distância entre esses fragmentos.
Os autores liderados por Hanski alertam que a Mata Atlântica não é o único ambiente tropical a sofrer gravemente com a fragmentação. Eles citam também todo o Sudeste Asiático, onde frações da floresta estão separadas por monoculturas, como o óleo de palma, borracha e plantios para produção de celulose. Na África, espécies estão sendo confinadas a pequenas manchas de floresta pelo avanço da agricultura, principalmente no litoral e montanhas da África Oriental.

Mateiros é a cidade que mais registra focos de incêndio no Tocantins

Queimadas destroem áreas, matam animais e prejudicam população.
O município fica na região do Jalapão em uma área do bioma cerrado.



Com o período de estiagem que acontece nesta época do ano no Tocantins, o número de focos de incêndio em todo o estado aumenta consideravelmente. Em maio, por exemplo, foram registrados 343 focos, enquanto em agosto já aconteceram 1075 registros em todo o estado até o dia 22, de acordo com o boletim da Defesa Civil.
A cidade que registra o maior número de focos de incêndio em 2013 é Mateiros-TO, a 341km da capital, com 339. O problema é que Mateiros fica na região do Jalapão, uma área predominantemente de cerrado e um dos principais biomas brasileiros.
Para combater o fogo, o município conta com 49 brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e da prefeitura de Mateiros, mas a solução é emergencial. O ideal é que os focos fossem evitados.
Rejane Ferreira Nunes é funcionária do Naturatins e responsável pelo Parque Estadual do Jalapão e pela Área de Proteção Ambiental (APA) que fica em torno do parque. De acordo com ela, o município tem quase 3 milhões de hectares de área protegida. "Isso corresponde a cerca de dois terços do seu território. É a maior reserva de cerrado do Brasil", explica.
Brigadistas usam fogo para fazer manutenção de aceiros em Mateiros (TO) (Foto: Cassiana Moreira)Brigadistas usam fogo para fazer manutenção de
aceiros em Mateiros (TO) (Foto: Cassiana Moreira)
Para combater os incêndios, o Naturatins e a prefeitura de Mateiros contratam brigadistas temporariamente, entre os meses de julho e outubro. Esta equipe é formada por 19 homens e tem três atribuições: realizar ações educativas com a população e com turistas; fazer a manutenção de trilhas e aceiros (covas que provocam a descontinuidade do material vegetal e evitam a propagação do fogo); e apagar os incêndios. Os homens combatem os incêndios com abafadores e com bombas d`água colocadas nas costas.
"Os focos de calor são monitorados diariamente pelos relatórios do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais]. A partir deles as equipes vão aos locais para combater o fogo", relata a agente ambiental. Para chegar a estes locais, os brigadistas usam camionetes com tambores cheios de água na carroceria, mas de acordo com Rejane, o que apaga mesmo o fogo são os abafadores, a água só é usada pra resfriar os locais queimados. Ela ressalta que o combate ao incêndio é importante, mas que o trabalho que dá resultados mais efetivos é evitar que eles comecem.
Um trabalho semelhante é feito pelo Ibama, através de duas brigadas, uma ligada ao Prevfogo e outra ligada ao Instituto Chico Mendes. De acordo com o chefe de brigada do Prevfogo em Mateiros, Bruno Almeida Silva, os 29 brigadistas da equipe trabalham com o combate ao incêndio e com a prevenção. "Quando não estamos combatendo incêndios estamos fazendo limpeza de aceiros."
A equipe do Prevfogo é responsável pelo combate das áreas estaduais e também da Estação Ecológica de Serra Geral do Tocantins, área de preservação federal. Segundo Silva, o tamanho da área dificulta o trabalho da equipe que tem apenas duas camionetes para percorrer os quase 6 mil quilômetros quadrados do município. O acesso aos locais também dificultam o trabalho, pois quase não existem estradas nas áreas de conservação.
Em Mateiros (TO) o fogo põe em risco a vida de animais silvestres e até de animais domesticados (Foto: Cassiana Moreira)Em Mateiros (TO) o fogo põe em risco a vida de
animais silvestres e domesticados
(Foto: Cassiana Moreira)
A bióloga Cassiana Moreira reside na cidade há 11 anos e trabalhou no Parque Estadual do Jalapão durante oito anos. Ela explica que parte dos incêndios se originam pela ação dos próprios moradores que tem a cultura de usar o fogo no manejo da terra, como na queima de pastos. Além disso, as queimas costumam ser feitas de forma inadequada, em horários quentes ou de muito vento.
Cassiana lembra que o fogo causa danos graves. "Ele queima a área de mata, área de cerrado, mata animais e destrói ninhos, além de ser prejudicial à própria população ao destruir uma das suas principais fontes de renda", comenta, se referindo ao capim dourado, uma planta que só cresce nesta região do planeta e recebe esse nome em função da sua cor. Muitos moradores do Jalapão usam o capim para fazer peças artesanais que são vendidas no Brasil e em diversos países.
A bióloga finaliza dizendo que a população tem que buscar tecnologias menos destrutivas. "A população precisa se sensibilizar quanto ao uso do fogo e não somente no Jalapão, mas nas áreas urbanas também", se referindo a queima de lixo e mato seco, que origina queimadas nas cidades.
Queima controlada é uma técnica  muito usada em Mateiros (TO) (Foto: Cassiana Moreira)Queima controlada é uma técnica muito usada em Mateiros (TO) (Foto: Cassiana Moreira)
Fonte: http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2013/08/focos-de-incendio-no-cerrado-preocupam-em-epoca-de-seca.html

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Ministro do Ambiente proibiu que os golfinhos fossem mantidos em cativeiro e usados em qualquer espectáculo no país

Por Ana Tomás

O ministro do Ambiente da Índia declarou que os golfinhos devem ser vistos como “pessoas não-humanas” e proibiu que estes sejam mantidos em cativeiro ou usados em espectáculos de entretenimento.

O político justificou a decisão com o facto de as investigações científicas mostrarem que os golfinhos possuem um nível de inteligência superior à de outros animais.

“Muitos cientistas que pesquisaram o comportamento dos golfinhos acreditam que eles possuem um nível de inteligência invulgarmente alto”, afirmou o ministro.

Para o responsável pela pasta do Ambiente na Índia, “comparativamente aos restantes animais, os golfinhos deviam ser vistos como ‘pessoas não-humanas’ e, como tal, ter os seus próprios direitos, por isso é moralmente inaceitável mantê-los em cativeiro com objectivos de entretenimento”.

























Todos perdem na guerra pelas hidrelétricas amazônicas – Parte 1



por Mario Osava, da IPS
PedroBara Todos perdem na guerra pelas hidrelétricas amazônicas – Parte 1
Pedro Bara explica a indígenas e ativistas a ferramenta desenvolvida pelo WWF para orientar negociações diante do avanço de hidrelétricas e outros grandes projetos na Amazônia. Foto: Cortesia Denise Oliveira/WWF Iniciativa Amazônia Viva

São Paulo, Brasil, 27/8/2013 – Na guerra pelas grandes centrais hidrelétricas na Amazônia todos perdem, inclusive os vencedores que conseguem construí-las, mas com atrasos, custos desproporcionais e danos à sua imagem. “A polarização empobrece o debate” sobre o aproveitamento e a conservação dos recursos naturais, afirma nesta entrevista Pedro Bara, líder de Estratégia de Infraestrutura na Iniciativa Amazônia Viva, do Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
O WWF se destaca por buscar saídas negociadas para a disputa entre a lógica econômica e a natureza. No caso das hidrelétricas, propõe um diálogo para resolver enfrentamentos entre os empreendedores, incluído o governo e uma variada oposição de afetados, movimentos sociais, indígenas e ambientalistas.
O objetivo seria traçar uma estratégia para a Amazônia, ou pelo menos para bacias hidrográficas inteiras, superando o enfoque projeto a projeto, sem parâmetros validados. Para isso, o capítulo brasileiro do WWF desenvolveu uma ferramenta baseada em estudos científicos, que permite ter uma ideia do que é necessário preservar de águas e biodiversidade para manter vivo o sistema amazônico.
IPS: Como proteger a natureza amazônica diante do avanço de hidrelétricas, gado, soja, madeireiras, mineração e estradas?
PEDRO BARA: Há seis anos nos perguntamos o que precisaríamos para conservar a Amazônia daí em diante. Não é 100% do que resta hoje, mas tampouco pode ser tudo para o desenvolvimento. Se conhecêssemos toda a biodiversidade seria fácil definir áreas prioritárias. Mas a informação sobre biodiversidade amazônica não oferece dados suficientes. No máximo, creio que conhecemos 40% do total. Nos vimos obrigados a inferir a biodiversidade por meio da heterogeneidade do meio ambiente. Ambientes diferentes terão espécies diferentes. Se faz uma aproximação. Fizemos vários testes em Madre de Dios (sudeste do Peru) sobre como planejar a conservação da água em áreas pobres de dados. Concluímos que cruzando declive com escorrimento superficial e fluxo de água, vegetação e origem de água, se consegue uma boa explicação sobre a heterogeneidade aquática e classificação dos rios por segmentos. Expandimos esse modelo para a bacia amazônica inteira.
IPS: Escolheram Madre de Dios porque sua ecologia é representativa da Amazônia?
PB: Não. Escolhemos por ter características bastante diferentes. Se fosse homogênea não serviria. Tínhamos que trabalhar com bastante diversidade de ambientes para provar vários modelos e escolher o melhor para aplicar em toda a Amazônia, onde identificamos 299 tipos de ecossistemas aquáticos. Ao mesmo tempo, a The Nature Conservancy e a NatureServe (entidades criadas por cientistas norte-americanos) desenvolveram um modelo de heterogeneidade terrestre baseado em relevo, tipo de solo, vegetação e clima. Identificaram 423 ecossistemas terrestres na Amazônia. Conclusão: este bioma é mais diverso do ponto de vista terrestre do que aquático. Também é uma aproximação, porque há espécies animais que se movimentam muito. Contudo, com os dois modelos posso decidir o que conservar. Se posso conservar uma amostra representativa, funcional e resistente dos 299 tipos aquáticos e 423 terrestres, teoricamente conservo a heterogeneidade e a biodiversidade amazônicas.
IPS: Mas, como escolher as áreas prioritárias?
PB: Pela melhor relação custo-benefício, minimizando a área em uma decisão puramente econômica.
IPS: Como são medidos o custo e o benefício?
PB: Benefício é oportunidade, por exemplo, as áreas protegidas e terras indígenas, onde é menor o custo de conservar. Custo é ameaça: desmatamento e avanço de fronteira agrícola e pecuária são os custos terrestres. O modelo escolhe dentro da mesma classe de ecossistema a área mais distante dessas ameaças que aumentam os custos de conservação. Trata-se de um software montador de quebra-cabeça de milhares de microbacias, cada uma com seus atributos, como pertencer a este ou aquele tipo aquático ou terrestre, a proximidade de caminhos ou seu nível de degradação atual.  Foge do vermelho, onde o custo é alto, e escolhe a mostra de ecossistema em área protegida. Há milhares de interações para indicar uma solução melhor. Não inventamos nada, usamos metodologias de trabalhos científicos. A Agência Nacional de Águas (ANA) fez um trabalho parecido, o “Plano Estratégico dos Rios da Margem Direita do Amazonas”, o que nos deu segurança. Mas há casos onde não tenho opções. O ecossistema aquático 214, por exemplo, só ocorre em um lugar. Se for afetado estará definitivamente perdido. É insubstituível. E há muitas áreas insubstituíveis.
IPS: Então, o que é que podem conservar?
PB: Estabelecemos uma meta: conservar 30% de cada tipo de ecossistema. Mas é apenas um exercício, a solução depende de quem está na mesa discutindo os parâmetros. Trinta por cento dos ecossistemas aquáticos, mais 30% dos terrestres, teoricamente somam 60%, mas como há um pouco de superposição, cai para 55%. É razoável, porque hoje já temos 40% definido em unidades de conservação em terras indígenas. É um número arbitrário, mas com um valor técnico.
IPS: Um índice para marcar a negociação?
PB: Começa por aí, chegamos à definição do que queremos em resposta ao desafio das hidrelétricas. Se estamos de acordo quanto a uma área ser conservada para o futuro é preciso que tenha uma conexão livre com o canal principal, o rio Amazonas, já que a bacia é única. A conservação depende da conectividade hídrica. Se o setor elétrico quiser represar todos os rios de uma bacia, o futuro de um Amazonas vivo estará comprometido. Porém, tudo é negociável, nossa ferramenta é para oferecer um diálogo, não uma solução pronta. É uma plataforma de avaliação estratégica para mirar o todo, contextualizar os projetos e decidir com melhores informações. Alguém pode introduzir amanhã a questão dos sítios arqueológicos, dos quilombolas (comunidades de descendentes de escravos fugitivos).
IPS: Como o governo reagiu diante dessa proposta?
PB: A recepção é sempre boa, até que se toca em um interesse específico. Para nós, o ideal era discutir a bacia amazônica inteira, mas não conseguíamos organizar um fórum. O caminho se abriu por um decreto interministerial de dezembro de 2010, que criou um grupo de trabalho para “analisar aspectos ambientais e socioeconômicos” buscando “subsidiar a seleção de aproveitamentos hidroenergéticos”. Era o que queríamos. Por isso a Empresa de Pesquisa Energética do Ministério de Minas e Energia quis conhecer nossa ferramenta. Capacitamos pessoal dos ministérios. Fizeram suas análises, mas já se passaram dois anos. Por isso decidimos divulgar nossas propostas antes que avancem mais os projetos para o rio Tapajós.
IPS: E no setor privado houve alguma reação interessante?
PB: Dirigentes de um banco internacional elogiaram nossas ideias, nos contando que morrem de medo de entrar em um projeto e depois ter de enfrentar uma manifestação na porta do banco. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não poderá financiar tudo sozinho.
IPS: Pode citar um caso em que essa ferramenta tenha apontado melhores alternativas?
PB: No rio Teles Pires (afluente do Tapajós) soube que se pensou construir uma única hidrelétrica maior do que a atual, a Teles Pires, sem as outras duas em preparação, São Manoel e foz do Apiacás. Poderia ter sido melhor, com mais potência e menos impacto acumulativo, além de uma represa plurianual. O rio tem uma barreira natural e o problema da conectividade não se apresenta de forma tão aguda. Existe o mito de que hidrelétricas pequenas têm menor impacto, mas com uma sucessão delas o ecossistema aquático é mais fragmentado. Envolverde/IPS
(IPS) 
Fonte: http://envolverde.com.br/ips/inter-press-service-reportagens/todos-perdem-na-guerra-pelas-hidreletricas-amazonicas-parte-1/