quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Mateiros é a cidade que mais registra focos de incêndio no Tocantins

Queimadas destroem áreas, matam animais e prejudicam população.
O município fica na região do Jalapão em uma área do bioma cerrado.



Com o período de estiagem que acontece nesta época do ano no Tocantins, o número de focos de incêndio em todo o estado aumenta consideravelmente. Em maio, por exemplo, foram registrados 343 focos, enquanto em agosto já aconteceram 1075 registros em todo o estado até o dia 22, de acordo com o boletim da Defesa Civil.
A cidade que registra o maior número de focos de incêndio em 2013 é Mateiros-TO, a 341km da capital, com 339. O problema é que Mateiros fica na região do Jalapão, uma área predominantemente de cerrado e um dos principais biomas brasileiros.
Para combater o fogo, o município conta com 49 brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e da prefeitura de Mateiros, mas a solução é emergencial. O ideal é que os focos fossem evitados.
Rejane Ferreira Nunes é funcionária do Naturatins e responsável pelo Parque Estadual do Jalapão e pela Área de Proteção Ambiental (APA) que fica em torno do parque. De acordo com ela, o município tem quase 3 milhões de hectares de área protegida. "Isso corresponde a cerca de dois terços do seu território. É a maior reserva de cerrado do Brasil", explica.
Brigadistas usam fogo para fazer manutenção de aceiros em Mateiros (TO) (Foto: Cassiana Moreira)Brigadistas usam fogo para fazer manutenção de
aceiros em Mateiros (TO) (Foto: Cassiana Moreira)
Para combater os incêndios, o Naturatins e a prefeitura de Mateiros contratam brigadistas temporariamente, entre os meses de julho e outubro. Esta equipe é formada por 19 homens e tem três atribuições: realizar ações educativas com a população e com turistas; fazer a manutenção de trilhas e aceiros (covas que provocam a descontinuidade do material vegetal e evitam a propagação do fogo); e apagar os incêndios. Os homens combatem os incêndios com abafadores e com bombas d`água colocadas nas costas.
"Os focos de calor são monitorados diariamente pelos relatórios do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais]. A partir deles as equipes vão aos locais para combater o fogo", relata a agente ambiental. Para chegar a estes locais, os brigadistas usam camionetes com tambores cheios de água na carroceria, mas de acordo com Rejane, o que apaga mesmo o fogo são os abafadores, a água só é usada pra resfriar os locais queimados. Ela ressalta que o combate ao incêndio é importante, mas que o trabalho que dá resultados mais efetivos é evitar que eles comecem.
Um trabalho semelhante é feito pelo Ibama, através de duas brigadas, uma ligada ao Prevfogo e outra ligada ao Instituto Chico Mendes. De acordo com o chefe de brigada do Prevfogo em Mateiros, Bruno Almeida Silva, os 29 brigadistas da equipe trabalham com o combate ao incêndio e com a prevenção. "Quando não estamos combatendo incêndios estamos fazendo limpeza de aceiros."
A equipe do Prevfogo é responsável pelo combate das áreas estaduais e também da Estação Ecológica de Serra Geral do Tocantins, área de preservação federal. Segundo Silva, o tamanho da área dificulta o trabalho da equipe que tem apenas duas camionetes para percorrer os quase 6 mil quilômetros quadrados do município. O acesso aos locais também dificultam o trabalho, pois quase não existem estradas nas áreas de conservação.
Em Mateiros (TO) o fogo põe em risco a vida de animais silvestres e até de animais domesticados (Foto: Cassiana Moreira)Em Mateiros (TO) o fogo põe em risco a vida de
animais silvestres e domesticados
(Foto: Cassiana Moreira)
A bióloga Cassiana Moreira reside na cidade há 11 anos e trabalhou no Parque Estadual do Jalapão durante oito anos. Ela explica que parte dos incêndios se originam pela ação dos próprios moradores que tem a cultura de usar o fogo no manejo da terra, como na queima de pastos. Além disso, as queimas costumam ser feitas de forma inadequada, em horários quentes ou de muito vento.
Cassiana lembra que o fogo causa danos graves. "Ele queima a área de mata, área de cerrado, mata animais e destrói ninhos, além de ser prejudicial à própria população ao destruir uma das suas principais fontes de renda", comenta, se referindo ao capim dourado, uma planta que só cresce nesta região do planeta e recebe esse nome em função da sua cor. Muitos moradores do Jalapão usam o capim para fazer peças artesanais que são vendidas no Brasil e em diversos países.
A bióloga finaliza dizendo que a população tem que buscar tecnologias menos destrutivas. "A população precisa se sensibilizar quanto ao uso do fogo e não somente no Jalapão, mas nas áreas urbanas também", se referindo a queima de lixo e mato seco, que origina queimadas nas cidades.
Queima controlada é uma técnica  muito usada em Mateiros (TO) (Foto: Cassiana Moreira)Queima controlada é uma técnica muito usada em Mateiros (TO) (Foto: Cassiana Moreira)
Fonte: http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2013/08/focos-de-incendio-no-cerrado-preocupam-em-epoca-de-seca.html

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