segunda-feira, 22 de abril de 2013

Cavas, as crateras irrecuperáveis do Vale do Paraíba



A coloração amarelada da areia denuncia o esgotamento da cava. Em breve ela será abandonada e no lugar ficará um buraco profundo e sem recuperação (Tremembé-SP).
Vista aérea de cava de areia à margem da via Dutra no km 156 em Jacareí (SP).
Vegetação cobre a visão da cava de areia beirando a Via Dutra, em Jacareí. As árvores barram a poeira durante a extração do mineral e também evitam a exposição do real tamanho do buraco para quem olha pelo lado da rodovia.Cava de areia quase toca o Rio Paraíba do Sul em Caçapava-SP. Segundo a legislação, a extração deve respeitar um mínimo de 50 metros da margem do rio,
Rio Paraíba do Sul sofre assoreamento causado pela enorme cava de areia, em Caçapava-SP.A recuperação de uma cava é praticamente impossível. Vegetação aquática cobre cavas de areia abandonadas em Tremembé (SP). Ao fundo, outras cavas sendo abertas.
Crédito das fotos: Thiago Leon

A corrida imobiliária no país é avassaladora. Nunca se construiu tanto imóvel, casa e apartamento para morar parcelado em centenas de vezes. Entretanto, para que o sonho de cada brasileiro seja realizado com alicerce, parede e laje muita areia precisa sair das cavas, grandes buracos no solo que inutilizam o terreno para sempre e se parecem com crateras lunares, sem vida.

Na região Metropolitana do Vale do Paraíba a extração de areia através das cavas é comum. Há cidades que proibiram as escavações, como São José dos Campos, onde a atividade se tornou ilegal há 17 anos. Por isso, a construção civil compra de cidades vizinhas como Jacareí e Caçapava, onde a extração é extremamente agressiva ao meio ambiente. 

Com a ideia de retomar o projeto a extração de areia, um grupo de vereadores resolveu sobrevoar de helicóptero e verificar do alto o estrago causado pelas cavas, pressionados pelas construtoras que acreditam em uma queda do preço do insumo se a areia for retirada em São José dos Campos.

Em São José dos Campos, verificou-se que existem inúmeras cavas desativadas. O impacto é evidente. Leva-se anos para que a área se recupere, mesmo assim as cavas acabam tomadas por água sem vida, inutilizada e poluída. 

Só na região são 311 cavas de areia. A experiência de vê-las de cima prova o que ninguém do solo consegue perceber. Sobrevoamos de helicóptero por uma hora e meia, de Jacareí a Pindamonhangaba. O solo se parece mais com uma colcha de retalhos de variadas cores nos tons de marrom claro, verde e azul. A visão é impressionante. A maioria das cavas já está saturada e prestes a ser abandonada. 

A maior surpresa do sobrevoo foi revelar a enorme cratera a apenas 50 metros da rodovia Presidente Dutra, em Jacareí. Cercada por eucaliptos para conter a elevação de detritos, ela também serve para esconder um estrago irrecuperável.

 Thiago Leon tem 36 anos e é repórter fotográfico há 14 anos. Formado em Comunicação Social, começou em pequenos jornais do Vale do Paraíba e trabalhou até 2013 no Jornal O Vale, de São José dos Campos. Atualmente é proprietário da Agência THX PHOTO no Vale do Paraíba.


Fonte: http://www.oeco.org.br/foto/27094-cavas-as-crateras-irrecuperaveis-do-vale-do-paraiba

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