Entre tantas espécies do gênero, encontradas entre a Costa Rica e o Paraguai, sempre a Leste dos Andes, a B. scaea era totalmente desconhecida há até pouco tempo. Foi preciso surgir uma ameaça à área onde vivem, na margem esquerda do Rio Madeira (o nome da espécie é uma referência a esta localização), para que finalmente o bicho fosse descoberto. Durante levantamentos de fauna na região das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, alguns lagartos dessa espécie caíram em armadilhas e outros foram capturados por pesquisadores na serrapilheira da mata.
No início, não havia ficado claro para os pesquisadores se era realmente uma espécie nova. “Na hora é difícil saber, porque tem de levar ao laboratório e ver algumas características no microscópio ou na lupa”, conta o biólogo Mauro Teixeira Júnior, primeiro autor do artigo e aluno de doutorado na USP. O artigo que apresenta o novo lagarto à comunidade científica foi publicado na edição de 5 de abril, da revista Zootaxa, escrito por pesquisadores da Universidade de São Paulo, Universidade Federal do ABC paulista e da Universidade Estadual de Londrina (PR).
O bicho foi encontrado tanto em áreas de várzea quanto de terra firme. Entre as diferenças com outras espécies do mesmo gênero, estão o número e o tipo de escamas da cabeça, conforme explica o biólogo, que estuda a herpetofauna das matas secas, áreas de florestas com árvores que perdem as folhas durante a seca, nos cerrados. A B. scaea tem as pernas um pouco mais desenvolvidas que a Bachia geralista, espécie do mesmo gênero descrita recentemente por Mauro Teixeira Júnior e outros pesquisadores no Norte de Minas Gerais.
Lagartos do Peru
Tradicionalmente considerado com um grupo de pouca diversidade, recentes trabalhos de campo sobre os Enyalioidestem aumentado a riqueza de espécies. Três das dez espécies conhecidas do gênero foram descritas nos últimos cinco anos. Os dois lagartos recém-descobertos foram encontrados noParque Nacional Cordillera Azul, o terceiro maior parque nacional do Peru. A área de 1,3 milhões de hectares inclui algumas florestas ainda não exploradas. As bacias dos rios Pisqui e Pauya, dentro da área protegida, possuem uma grande diversidade de répteis e anfíbios.
Os machos tem uma bela coloração no corpo, com um padrão verde distinto sobre o fundo marrom-escuro e preto. As duas espécies dividem o mesmo território, separados por uma pequena faixa de altitude. Para os responsáveis pela descoberta, esta convivência em territórios vizinhos e por vezes compartilhada, torna as diferenças biológicas intrigantes do ponto de vista evolucionário.
Uma das novas espécies, Enyalioides azulae, é conhecida em apenas uma localidade na floresta da montanha na bacia do rio Huallaga, no nordeste do Peru. O nome dele é uma referência ao nome da unidade de conservação onde foi descoberto. A segunda nova espécie Enyalioides binzayedi, pode ser encontrada na mesma bacia e recebeu um nome em homenagem ao patrocinador da expedição, o príncipe herdeiro de Abu Dhabi.
Descoberta também na Mata Atlântica
Da região montanhosa do Corredor Central da Mata Atlântica, no Sul da Bahia, vem um novo lagarto brasileiro. A descrição do Leposoma sinepollex possui, entre outras características, escamas diagonais em forma de lança, no dorso e no ventre dorsais e ventrais longas em forma de lança. Ele não possui polegar, mas tem o terceiro dedo maior do que o quarto. A descoberta foi publicada na edição do dia 28 de março na revista científica Zootaxa.
Fonte: http://www.oeco.com.br/fauna-e-flora/27059-parece-cobra-mas-e-um-lagarto
Nenhum comentário:
Postar um comentário