De acordo com a bióloga Fernanda Azevedo, que faz pós-doutorado no Departamento de Zoologia, do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, atualmente são conhecidas cerca de 50 espécies de esponjas calcárias no litoral brasileiro, divididas em pouco mais de 15 gêneros. A expectativa é que a análise de fragmentos do DNA de esponjas já coletadas possa levar a descrição de cerca de 10 novas espécies. “Vai ser uma grande contribuição para o conhecimento da biodiversidade do Sul e Sudeste”, comemora a bióloga. Mas esta é apenas a primeira etapa do trabalho.
Na segunda etapa, a intensão é produzir um mapa com a distribuição das novas espécies e também daquelas que já são conhecidas, onde será possível sobrepor informações ambientais, como temperatura e correntes marinhas. “Um mapa complexo que demonstra onde o estudo está se concentrando, as áreas endêmicas das esponjas calcárias e que pode auxiliar políticas voltadas para a conservação, propondo por exemplo áreas prioritárias a serem protegidas“, explica Fernanda Azevedo.
Esponjas calcárias
Sem cores exuberantes e escondidas em locais escuros, como fendas ou embaixo de pedras, as esponjas calcárias estão entre os mais tímidos poríferos, animais fixos, predominantemente marinhos e que se alimentam filtrando a água que passa por seus poros. A falta de cor e os locais preferidos delas podem ser explicados por uma desvantagem que as esponjas calcárias têm na hora de brigar por espaços no fundo do mar. Elas não são capazes, como fazem outras esponjas, de produzir substâncias químicas especiais.
Essas substâncias são responsáveis pela variedade de cores desses animais. Mas não são apenas um enfeite, são substâncias que servem para as esponjas interagirem com o ambiente, afastando, por exemplo, os predadores. Claro que uma qualidade como essa desperta o interesse da indústria farmacêutica, que já encontrou nas esponjas matéria-prima para a produção de diversos tipos de medicamentos. Sem essas armas químicas, resta às esponjas calcárias se esconderem em locais mais escuros.
As calcárias, porém, possuem um esqueleto formado por espículos de bicarbonato de cálcio que só elas têm. E é preciso destacar também o papel ecológico importante que elas desempenham: filtrando a água do mar enquanto se alimentam. Além disso, as esponjas servem também como bioindicadores, de acordo com a bióloga Fernanda Azevedo,. “Em locais poluídos, as mais susceptíveis começam a desaparecer, mas algumas espécies mais resistentes se proliferam”, afirma a pesquisadora.
As esponjas passam a maior parte do tempo fixas, apenas durante a fase de larva se deslocam, até aderirem ao substrato. São fonte de alimento para peixes e moluscos, e também servem de abrigo para uma fauna marinha, que pode morar tanto dentro das esponjas quando fora delas. Mas atualmente, estão ameaçadas.
O aquecimento global aumenta a concentração de dióxido de carbono e altera a química da água do mar, tornando ela mais ácida, o que afeta as estruturas de cálcio. “As espículas desses organismos poderão ficar fragilizadas, dificultando a sustentação das esponjas”, relata a bióloga. A poluição marinha gerada pela ocupação desordenada da região costeira e a chegada de espécies invasoras são outras ameaças.
A pesquisa “Biodiversidade e padrões de endemismo de esponjas calcárias na costa brasileira” está sob a responsabilidade da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN/UFRJ) e é financiada pela Fundação Boticário. Ela deve ser concluída até o final do ano.
Clique nas imagens para ampliá-las e ler as legendas | ||
Fonte: http://www.oeco.org.br/reportagens/27130-esponjas-calcarias-novas-especies-a-vista
Nenhum comentário:
Postar um comentário