De acordo com o relatório State of Watershed Payments 2012 (Estado dos Investimentos nas Bacias Hidrográficas), o número de projetos em todo o mundo que remuneram indivíduos ou comunidades que protegem ou recuperam florestas, zonas úmidas e outras paisagens importantes para os recursos hídricos aumentaram de 103, em 2008, para 205, em 2011. Durante este período, conforme o relatório, os investimentos aumentaram U$ 2 bilhões e chegaram a U$ 8,17 bilhões por ano, o equivalente R$ 16 bilhões.
Este crescimento se deve, segundo o estudo, à percepção de governos de que investir na preservação e recuperação de mananciais é uma forma mais barata e eficiente de garantir o suprimento de água do que gastar na construção de infraestrutura para captação e tratamento.
“Oitenta por cento do mundo está agora em face a significantes ameaças à segurança da água. Nós somos testemunhas dos estágios iniciais de uma resposta global que pode transformar a maneira que nós valorizamos e gerenciamos recursos hídricos do mundo”, afirma o presidente e CEO da Forest Trends, Michael Jenkins.
O relatório cita seis iniciativas brasileiras. Quatro delas já são atividades nos estados de São Paulo e Paraná e outra estava prevista para ser implementada em Santa Catarina. A sexta iniciativa é o programa Produtor de Água, da Agência Nacional das Águas (ANA), que incentiva o pagamento por serviços ambientais a projetos na área rural que contribuam para a manutenção do suprimento ou a qualidade da água.
Por lá, o governo está oferecendo benefícios para a saúde de 108 mil moradores de comunidades próximas à cidade costeira de Zhuhai, para incentivá-los a adotar práticas que ajudem a aumentar a quantidade de água potável na região.
O relatório cita outros exemplos bem sucedidos de proteção aos mananciais, com na cidade de Nova Iorque. Diante da perspectiva de gastar bilhões de dólares em nova uma infraestrutura para o tratamento de água, a administração municipal optou por um programa muito mais barato de compensação a fazendeiros de Catskills para a redução da poluição de lagos e rios que fornecem água à cidade. O esforço recebeu crédito por ter abastecido as torneiras da cidade durante o furacão Sandy, já que os sistemas naturais não foram afetados pela falta de energia elétrica.
Iniciativa privada decepciona
Mas os autores do relatório estão decepcionados com a participação da iniciativa privada nas ações. Apenas 53 programas que incluem a participação de empresas privadas, na maioria que envolvem empresas de bebidas, foram identificadas. A maioria dos programas monitorados são operados por governos ou organizações não governamentais.
A razão, apontada por eles, é que o mercado de serviços ambientais ainda não se estabeleceu, diferente do que ocorre com os créditos de carbono. Mas, de acordo com o texto apresentado, já há condições para que o pagamento por esses serviços ganhe força, principalmente depois de encerrada a atual fase de incertezas na economia mundial.
De acordo com o relatório, 700 milhões de pessoas enfrentam problemas de escassez de água em 40 países ao redor do mundo. Além disso, um terço da carteira de empréstimos do Banco Mundial é destinada a projetos relacionados à água. Apesar de estarem crescendo rápido, os investimentos para manter o suprimento de água ainda são pequenos.
Além disso, o pagamento pelos serviços ambientais pode de ser uma alternativa de geração de renda para populações rurais pobres. “Os benefícios desses programas de bacias hidrográficas vão muito além da água: apoiam a biodiversidade, reduzem a emissão de gases de efeito estufa e proporcionam renda para a população rural pobre”, diz Genevieve Bennett, autora líder do relatório e analista de pesquisas do Ecosystems Marketplace.
Inventário
- Na África do Sul, estão sendo investidos U$ 109 milhões de dólares para acabar com plantas exóticas que consomem muita água, como o eucalipto. A iniciativa oferece emprego a 30 mil pessoas que antes não tinham onde trabalhar.
- Um governo local na Suécia descobriu que é mais barato criar bancos de mexilhões azuis para filtrar a poluição por nitrato da água do que construir um novo sistema de tratamento na costa.
- Na América Latina, a tendência é oferecer benefícios não monetários para proteger os recursos hídricos. No Vale de Santa Cruz, na Bolívia, mais de 500 famílias recebem colmeias de abelhas, mudas de árvores frutíferas e arame para manter o gado longe dos rios e lago, em troca da proteção às águas.
- Para compensar a falta de uma boa fonte de água potável dentro de seus limites, a cidade japonesa de Fukuoka apoia um fundo para o gerenciamento de florestas e aquisição de terras em uma bacia hidrográfica próxima, que abastece a cidade.
- Em Uganda, uma cervejaria está pagando pela proteção de zonas úmidas para garantir o fornecimento de água. A subsidiária da empresa na Zâmbia está implantando um projeto semelhante.
- No Quênia, um consórcio formado por horticultores, fazendeiros e donos de hotéis fornece vales para pequenos agricultores, que podem trocá-los por insumos agrícolas. A intenção é aumentar a produtividade e reduzir os dados ao meio ambiente.
Fonte: http://www.oeco.com.br/noticias/26836-crescem-investimentos-para-proteger-a-agua
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