Estas redes podem chegar a 30 quilômetros de extensão. Por serem pequenas e terem hábitos costeiros, as toninhas são muito sensíveis a este tipo de pescaria. Mas elas não são as únicas vítimas, diversos outros animais também são afetados, como tartarugas, pingüins e tubarões.
“Estas redes são uma barreira intransponível não só para toninhas, para qualquer outra espécie”, afirma o oceanógrafo Emanuel Carvalho Ferreira, da Fundação Universidade do Rio Grande (Furg) e colaborador da organização não-governamental Kaosa.
A toninha, conhecida também como franciscana, tem hábitos costeiros e por isso são sensíveis à pesca de emalhe em locais de pequena profundidade. Foto: Marcos Cesar de Oliveira Santos/IO-USP |
Ferreira faz parte de uma equipe que trabalha com a espécie desde a década de 1990. Em 2011, a equipe começou a buscar dados sobre a relação entre a morte de toninhas e o uso de redes de emalhe. Com financiamento da Fundação Boticário, o oceanógrafo descreveu cenários com a exclusão da pesca em áreas de 5 a 20 metros de profundidade. O estudo demonstra que a mortalidade de toninhas diminui 72% quando as redes usadas em pescaria de emalhe são colocadas em áreas com profundidade acima de 20 metros.
A criação de uma área de proteção às toninhas em profundidades mais rasas foi uma das recomendações apresentadas pelo pesquisador ao Plano de Ação Nacional para a Conservação do Pequeno Cetáceo Toninha (PAN Toninha). Ele sugere também que o tamanho das redes seja reduzido para sete quilômetros.
Atualmente, conforme a Instrução Normativa Interministerial 12, publicada pelo Ministério da Pesca e Aquicultura e Ministério do Meio Ambiente, em agosto do ano passado, o tamanho das redes é limitado a 16 quilômetros no Rio Grande do Sul e 18 quilômetros no restante do país. A altura máxima das redes também é regulamentada e pode ser de até 4 metros.
A toninha é classificada como vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e em Perigo, de acordo com o Instituto Chico Mendes. A espécie é endêmica do Atlântico Sul e é uma das menores espécies de golfinhos do mundo, chegando a 1,7 metros. Apesar de viver principalmente no mar, é classificada entre as espécies de golfinhos de água doce e pode ser encontradas também em estuários, com na Baía de Babitonga, em Santa Catarina.
Fonte: http://www.oeco.com.br/noticias/26857-protecao-para-a-toninha-nao-cair-nas-redes
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