Ensaio utiliza 15 espécies nativas.
Um experimento instalado neste mês de dezembro na Embrapa
Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), possibilitará a realização de diferentes
pesquisas sobre a restauração de reserva legal. Em uma área de 15 hectares,
serão avaliadas estratégias de plantio e de condução, além de inúmeras
características que vão desde o desenvolvimento da floresta até a viabilidade
econômica do manejo da área.
Este ensaio faz parte do projeto de pesquisa “Restauração
florestal de áreas degradadas como sistemas de produção em Reserva Legal na
região de transição Amazônia/Cerrado e no Cerrado”, que avaliará aspectos
ambientais e econômicos da restauração de reservas legais em quatro municípios
de Mato Grosso (Canarana – já implantado –, Sinop, Guarantã do Norte e Campo
Novo do Parecis), além de Vilhena, em Rondônia.
O experimento
No experimento instalado na área da Embrapa Agrossilvipastoril, foram feitos dez tratamentos, com quatro repetições de cada um deles. Os três primeiros utilizaram o plantio de mudas de 15 espécies nativas, sendo que um deles conta, também, com mudas de eucalipto e outro com seringueira.
Dois tratamentos foram feitos com semeadura a lanço, por meio
de uma muvuca de sementes nativas e de adubos verdes. Uma deles, no entanto,
também receberá mudas de eucalipto.
Em outros dois tratamentos foi feita a semeadura em linha,
por meio do plantio direto. Neste caso, as sementes foram separadas em grupos,
de acordo com o tamanho e com as suas características e também foram utilizados
adubos verdes. Em um dos tratamentos serão plantadas mudas de
eucalipto.
Já os dois últimos tratamentos avaliarão a condução de
regeneração natural, sendo um deles com controle de gramíneas e o outro sem
qualquer interferência.
Entre as espécies nativas utilizadas estão
frutíferas, como caju, açaí, jenipapo e castanha-do-brasil, espécies pioneiras,
como embaúba, faveira e jambo da mata, além de espécies madeireiras, como louro,
jatobá, itaúba, amescla, ipê amarelo, champanhe (cumaru). guanandi e
mirindiba.
De acordo com o biólogo e pesquisador da Embrapa
Agrossilvipastoril, Ingo Isernhagen, o eucalipto e a seringueira foram
utilizados em alguns tratamentos devido ao seu valor comercial mais conhecido,
seja para produção de lenha e madeira de serraria, no caso do eucalipto, ou para
a extração do látex, no caso da seringueira.
AvaliaçõesCom o experimento implantado, terão início as avaliações
feitas por uma equipe multidisciplinar da Embrapa e de instituições parceiras,
como a Universidade Federal de Mato Grosso, por exemplo.
“Nesta primeira fase, avaliamos principalmente a estrutura da
vegetação, tomando dados como altura, diâmetro da base e a densidade de
indivíduos nas parcelas que iremos amostrar. Contamos o número de indivíduos que
foram introduzidos e os regenerantes que podem chegar por dispersão da fauna ou
pelo vento. Posteriormente começamos a avaliar a projeção da copa, pois assim
conseguimos ter uma ideia desta estrutura da floresta. Como ela está se formando
e a estratificação dela”, explica Ingo Isernhagen.
Além disso, serão avaliadas questões relacionadas à fauna,
dinâmica hídrica, caracterização do solo, dinâmica de carbono no solo, emissão
de gases de efeito estufa, microclima, manejo silvicultural, entre
outras.
“No caso de espécies com interesse madeireiro, vamos fazer
podas e desramas para melhorar a qualidade da madeira e estudar se esta nativa
teve uma madeira de boa qualidade e que comprove que uma área em restauração
pode ser planejada desde o começo e manejada, para que se possa ter renda no
futuro, além da conservação ambiental”, afirma o pesquisador.
Permeando todo o processo, será feito o estudo da viabilidade
econômica dos tratamentos e a análise dos serviços ambientais relacionados à
recuperação das reservas legais.
“Hoje é muito difícil monetarizar os serviços ambientais.
Vamos tentar mensurá-los e encontrar elementos e indicadores que possibilitem às
agências responsáveis fazerem os pagamentos pelos serviços ambientais
prestados”, explica Isernhagen.
Segundo o pesquisador, além de levantar as informações
técnicas sobre a restauração florestal, um dos objetivos do projeto é o de
desmistificar a reserva legal, mostrando ao produtor que é possível complementar
a sua renda com o manejo racional das áreas.
“A reserva legal é hoje vista como um empecilho para a
produção rural, especialmente aqui em nossa região, entrando no bioma amazônico,
onde 80% da propriedade tem que ser conservada através da reserva legal. As
pessoas não sabem, não existe a tradição de manejo destas áreas conservadas.
Porém para um pequeno e médio produtor, ela pode significar, no mínimo, uma
renda complementar”, afirma.
Jornalista: Gabriel Faria (mtb 15624/MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
gabriel.faria@embrapa.br
gabriel.faria@embrapa.br
Embrapa inicia pesquisa sobre restauração de reserva legal em Sinop (MT) (21/12/2012)
Herbert de Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário